terça-feira, 25 de maio de 2010


“Quem passa pela dor costuma ficar em silêncio”.

“Escrever ajuda o sofredor a expurgar sua dor”.

Faz tempo que não escrevo no blog e nem em lugar nenhum. Não quero deixar o blog abandonado, pois quando iniciei este blog tinha a intenção de fazer da escrita uma prática quase diária... Mas a verdade é que só escrevo em surtos.
Observar esta minha realidade me fez pensar no que realmente me faz escrever. Posso afirmar que escrever para mim significa sobretudo expurgar minha dor, denunciar o que me fere, o que me incomoda, o que me machuca. Escrevo também quando estou ansiosa, pois escrever me acalma... Não tenho escrito porque não estou sofrendo, estou fora de qualquer crise aguda ou crônica da alma, ou seja, o sofrimento não inunda minha alma como há algum tempo atrás.
Quando olho para trás, percebo que aquela fase carregada realmente passou. Se foram as nuvens plúmbeas, a tempestade, a enxurrada de dor, a devastação. Me sinto leve, bem leve, consigo até respirar melhor... Finalmente estou livre para elaborar projetos de paz e felicidade e viver melhor.
A nossa vida não transcorre numa linearidade, pelo contrário, ela é cíclica, fatos que vivemos ontem se apresentarão novamente para nós em algum lugar do futuro. A forma como lidamos com estes fatos no passado definirão como os receberemos no futuro. Creio que em minha alma, na alma de todos existe um espaço, um quarto destinado à dor, ao sofrimento. O que aconteceu comigo, é que o meu quarto do sofrimento estava tão abarrotado, que explodiu, supurou como uma úlcera e inundou tudo o que estava pela frente. Águas jorrando com uma força violenta, implodindo o meu corpo... Caos era só o que se via pela frente. Toda minha visão e meus humores foram tingidos de cinza chumbo.
O quarto continua lá, mas o conteúdo dele está minimizado... Foi elaborado, digerido, processado... E hoje quando olho para este mesmo mar, para este rio, para estas águas, tudo parece muito tranqüilo, finalmente a bonança chegou!
Hoje falando do sofrimento, falo do alto de uma maturidade que me impressiona, mas quando a dor vem, sempre o sentimento primeiro é o daquela menina que fui e que ainda mora em mim... Desconfio da dor, ela me ameaça, não quero nem vê-la, muito menos aceita-la. E será sempre assim, o que muda é que não é a menina que fala por último, nem a que fala mais alto.