terça-feira, 15 de março de 2011

O toque


Talvez eu jamais soubesse o que é dor crônica se eu meu corpo tivesse sido alimentado de amor através de toques...
Para muitas pessoas, inclusive eu, a dor é um alerta que soa quando há dureza demais e carinho de menos em forma de toques na nossa história.
Não quero afirmar que quem é tocado ou toca, não experimentam dor, pois esta faz parte do humano. Entretanto, existem dores que são privações acumuladas, que poderiam perfeitamente ser desfeitas com alguns toques oriundos das mãos do amado.
Dores também podem ser aliviadas e sanadas abrindo nossos porões e colocando os corações em contato. Porque basta colocar dois corações em contato para que eles saibam o que fazer. Dois corações sabem muito bem como se amar.
Coração que desaprendeu o contato é coração encarcerado, que se traduz em corpo pesado, retesado, transbordante de dor...
Conclui que, a fim de que o amor volte a circular em meu corpo, em qualquer corpo, basta um toque, sem prever, sem pensar, para amolecer, relaxar e fazer transbordar espontaneidade...

A tela vazia


Basta uma tela vazia para que surja a inspiração para criar...
Porém, quantas vezes em vez de criar, inventar, é mais fácil repetir?
Quem pode imaginar que inovação é um outro lado da frustração, da insatisfação?
Só quem está insatisfeito e frustrado, cria!
Eu sempre procurava encaixar alguma coisa no espaço que está vazio.
Não me importa o que seja desde que não me mostre a lacuna e o seu tamanho...
Entretanto, ultimamente tenho pensado que talvez o espaço vazio, tenha que permanecer assim como está...
Esta lacuna tem que permanecer vazia a fim de produzir o incomodo que precede toda mudança significativa.
E então da tela vazia brotam dor, perplexidade, assombro...
Hoje, ainda vejo uma tela vazia, mas sinto paz.
A mesma paz que senti quando entendi que nem tudo depende de mim.
Não sou tão poderosa quanto acreditava.
Saber que nem tudo depende de mim me enfraquece, me desempodera, me humilha, mas também liberta!
E enfim destronada, estou livre para viver as alegrias de uma simples mortal.

Paula 11.03.11

terça-feira, 8 de março de 2011

O cisne negro


Sombrio.
Esta é a primeira palavra que vem à minha mente quando penso no filme “O cisne negro” que consagrou Nathalie Portman como melhor atriz no Oscar 2011.
Adoro filmes sombrios e dramáticos como “O cisne negro”!
Nina, é uma menina tão doce, mas para conseguir o que tanto quer na vida, precisa encarar e vivenciar o seu lado sombra.
Encarar seu lado sombra no filme, significa cortar o cordão umbilical e romper com sua mãe, além de experimentar a mulher que adormece seu corpo de menina.
Encarar o seu lado sombra também significa quebrar a redoma de vidro construída em torno de si mesma e flertar com tudo o que é perigoso, com as ameaças de outrora...
O Cisne negro explicita os conflitos que um ser humano experimenta para ser ele mesmo e brilhar... Mostra também que uma relação conturbada com nosso lado sombra pode nos levar à autodestruição. Nosso lado sombra que em muitas vezes gostaríamos tanto de colocar à parte de nós, na verdade é uma parte de nós mesmos que precisa ser aceita e integrada ao nosso eu.
Adoro roupas brancas, coloridas, mas fico impressionada em como o preto me atrai. Só neste ano já comprei duas peças de cor preta. Eu acho que está muito ligado ao meu lado misterioso, introspectivo, introvertido. Para muitas pessoas o preto não simboliza coisa boa... Preto é o que se veste quando perdemos alguém, preto é a “cor do pecado”, é a cor sempre presente nos filmes de terror.
O cisne negro me fez pensar que talvez em nosso lado sombra, em nosso “lado negro” resida aquilo que temos de melhor... Talvez nele residam características essenciais para nosso sucesso que foram obscurecidas pelos nossos conflitos ou esquecidas, embotadas... Mas que nos farão brilhar e satisfazer os desejos latentes de nossos sofridos corações...