domingo, 31 de julho de 2011

Minha paráfrase do Salmo 126



Quando o Senhor me libertou da dor, da angústia, do cativeiro em que me encontrava, minha vida parecia um sonho! Eu sorria demais porque me sentia muito feliz e cheia de alegria. Eu havia encontrado o meu caminho estava completamente livre! E algumas pessoas puderam constatar o milagre que o Senhor havia feito em mim e por mim.
É verdade! Deus fez grandes coisas por mim, e por isso me sinto tão feliz! Ele encheu novamente minha vida de bênçãos e de alegria, assim como a chuva enche de tempos em tempos o leito seco dos rios.
Eu bem sei e como sei, que quem planta suas sementes chorando fará sua colheita com alegria. Aqueles que saíram chorando levando suas sementes para semear, voltarão assim como eu, cheios de alegria, trazendo nos braços uma grande porção de sonhos tornados realidade!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um presente do Ricardo para Paula em seu aniversário...

Teu aniversário...

Tua alegria que renasce mais uma vez
E com tamanha suavidade
Pois tu és grande
Tu és amiga
Imortal

Tua alma alegre e viva
Permanece serena nas tantas delicadezas
Transgressoras... E tu, caminhas!

Forte como nunca
Amante da liberdade - sem censura
Paula: amiga-única!

Beijo e parabéns!Aceitar depoimento

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O que aprendi sobre ser lúcida e sensata


Tenho sim medo da minha lucidez,
Porque em vez de luz, ela traz escuridão.
Tenho sim medo da minha sensatez,
Porque em vez de me fazer entender, ela só me traz confusão.
Procuro confissões fora de mim e só encontro perguntas feitas em minha direção.
Procuro respostas em outros, mas é para mim que os dedos estão apontados.
Até quando manterei estes olhos pequenos, uma vez que digo que cresci?
Até quando manterei fechadas as janelas que me colocam em contato com tudo que não é eu?
Até quando impedirei que o espinho que me fere se transforme numa ação positiva e criativa?
Agora entendo que lucidez definitivamente não combina com palavras estéreis, sem sentido, que são frutos de um imaginário que não foi fecundado pela coragem de romper com caminhos pré-determinados, feitos para serem trilhados em segurança.
Lucidez tem mais a ver com a admissão e a aceitação de uma dor fundamental, uma dor profunda, nem sempre consciente, que é existencial, que se traduz em vazio, incertezas, ausência de respostas, silêncio...
Sensatez nem sempre está relacionada com calor, com o que conhecido ou com o que soa familiar, tem mais a ver com uma solidão que é salutar.
A saúde da alma, assim como a saúde de forma integral, se apresenta das mais variadas formas possíveis, já as doenças da alma são monocromáticas, pulsam num mesmo tom conduzindo a todos que são acometidos por ela a um mesmo destino chamado infelicidade.
Paula 06/07/11

sábado, 2 de julho de 2011

Julho: abrindo o baú de memórias


Julho chegou ontem e trouxe consigo mais um aniversário. Mesmo que eu não chegue até ao dia 13, julho já trouxe meu aniversário!
Julho chegou trazendo nevoeiro. Eu adoro nevoeiros! O nevoeiro de ontem me lembrou Saracuruna... Férias do meio do ano, casa da minha avó... Fiquei tentando recuperar na névoa e na memória o cheiro destas coisas, mas não consegui... Lembrei do bolo maravilhoso que minha avó fazia e da minha paixão por eles até hoje... Até hoje eu adoro bolos, principalmente os que lembram os bolos da minha avó. Quando estudei em escola particular levava bolo todos os dias para a escola, tinha dia que enjoava levar todos os dias a mesma coisa enquanto as outras crianças levavam biscoitos ou então levavam dinheiro e compravam coisas na cantina. Ah, as coisas da cantina, refrigerante, batata frita, proveta, salgadinhos, quanto eu desejava isso... Hoje agradeço a Deus por comer bolo todos os dias, não aprendi a ter hábitos alimentares tão devastadores quanto meus colegas... É verdade há males que vem para bem e sempre há dois lados de uma mesma coisa... Mas como era sedutor... Tinha a barraca de doces da dona Marli, ahhh...
Rubem Alves fala bastante da sua infância em Minas, Ziraldo também fala da sua feliz infância... Minha infância feliz foi na casa da minha avó Eunice. Apesar dela ser “canguinha”, pão dura, eu adorava ir para Saracuruna, dormir na cama junto com ela, ouvir o galo cantando, acordar bem cedinho para bater perna com ela, catar pacotes de café pilão no lixão para trocar por livros de receitas... Comer sua comida nem sempre tão maravilhosa, mas com aquele tempero diferente, inconfundível, posso até sentir o gosto de louro sempre tão presente em seus pratos. Agradeço a Deus por ter tido avó, duas avós que na minha concepção foram maravilhosas para mim e que marcaram minha vida. Uma avó já se foi há 07 anos, hoje a saudade dói menos, às vezes, parece que ela nunca existiu, mas aí ela aparece rindo, gorda e feliz nos meus sonhos. Minha avó Eunice está velha, aquele mundo que era a casa dela está todo resumido num quartinho na casa da minha mãe. Reconheço ali muitos cheiros de antigamente, mas parece que muita coisa também deixou de existir... Minha avó não cozinha mais, não faz bolo, não faz nada... Mas o bolo que faço, o faço pensando nela, e a sopa de feijão também! A debilidade, ou melhor, a fragilidade atual da minha avó, é uma outra história, hoje dentro de mim competem duas visões dela, a de hoje e a de antigamente. Será que eu posso manter as minhas doces lembranças da infância sem prejuízo da mulher adulta? Ás vezes quanto a gente cresce embrutece... Crescimento não é sinônimo de embrutecimento, mas para meu coração às vezes parece que é, alguém me contou isso e eu acreditei, e hoje é difícil desacreditar, por isso, eu luto, eu tenho que lutar para não ficar embrutecida. Por hoje, não ficar embrutecida é manter contato com essas minhas doces lembranças. Assim como nunca esquecerei aquela foto que tirei no colo do meu pai na praça de Magé quando tinha cinco anos, que ele passava óleo na minha canela no frio para não ficar russa (sou preta né...), que ele penteava meus cabelos com mais delicadeza que minha mãe, que foi ele que me deu meu primeiro baton e o meu primeiro conjunto de calcinha e sutien. Isso tudo é meu e foi assim que essas pessoas passaram pela minha vida.
È, julho chegou trazendo tudo isso! LEMBRANÇAS. Um baú de memórias que a gente vai abrindo quando sente saudades...

Quanto merecemos



Um psicanalista me disse um dia: “Minha profissão ajuda as pessoas manterem a cabeça à tona d’àgua. Milagres ninguém faz”.
Nessa tona das águas da vida por cima da qual nossa cabeça espia – se não naufragarmos de vez -, somos assediados pela idéia de que o ser humano é um animal que deu errado.
A maioria das pessoas que conheço, se fizesse uma ainda que breve terapia, haveria de viver melhor. Os problemas continuariam ali, mas a gente aprenderia a lidar com eles.
Sem querer fazer uma interpretação barata ou subir além do chinelo, mas como qualquer pessoa que tenha em sua hora lido Freud e companhias, penso nas rasteiras que o inconsciente nos passa.
Uma delas: o quanto nos atrapalhamos por achar que merecemos pouco.
Eu acho que merecemos muito. Nascemos para ser bem mais felizes do que somos – mas nossa cultura, nossa sociedade, nossa família não nos contaram essa história direito. Fomos onerados com contos de ogros sobre culpa, dívida, deveres e... mais culpa.
Somos demais rígidos, ou controlados: somos pouco naturais.
Nas armadilhas do inconsciente, que é onde nosso pé derrapa, lemos um letreiro pérfido: Eu não mereço ser feliz. Quem sou eu para estar bem, ter saúde, ter alguma segurança e alegria? Não mereço afetos razoavelmente seguros, menos dissabores. Não mereço nova chance. Nada disso. Não nos ensinaram que “Deus faz sofrer a quem ama?”
Portanto, se algo começa a ir muito bem, possivelmente daremos um jeito de que desmorone.
Vivemos o efeito de muita raiva acumulada, muitos mal-entendidos nunca explicados, mágoas infantis, obrigações excessivas e imaginárias. Somos ofuscados pelo ideal da mãe santa, da esposa imaculada e do marido poderoso, dos filhos mais-que-perfeitos, do patrão infalível e do governo confiável. Sofremos ao peso do quanto “devemos” a todas essas entidades, inventadas: por trás delas existe apenas gente, tão frágil quanto nós.
Velhos fantasmas que nos questionam, mão na cintura, sobrancelha irada:
“Ué, você está quase se livrando das drogas, está quase conquistando a pessoa amada, está quase se equilibrando sua relação com a família, está quase obtendo sucesso, vive com alguma tranquilidade financeira... será que você merece? Veja lá!”
Ouvindo isso, assustados réus, num ato nada falho damos um jeito de nos boicotar – coisa que, aliás, fazemos demais nesta curta vida.
Escolhemos a droga em lugar da saúde; nos fechamos para os afetos em lugar de lhes abrir espaço; corremos em busca de mais dinheiro do que precisaríamos; se vamos bem em uma atividade, queremos trocar; se uma relação floresce, viramos críticos mordazes ou traímos o outro, dando um jeito de podar carinho, confiança ou sensualidade.
No território obscuro do inconsciente – que a psicanálise nos ensinaria a arejar -, ainda nos consideramos meninos e meninas malcomportados que merecem castigo.
Quem sabe precisamos de conserto: se encontrarmos uma oficina de almas boa, barata, perto de casa – ah, e que não seja desonesta demais.

Lya Luft
Em outras palavras – Record 2006. p. 183-185.