domingo, 22 de janeiro de 2012

Nossas mentiras e nossas verdade

"Ninguém mais que o desonesto precisa convencer-se de que é honesto (...) O fulcro do autoengano não está no esforço de cada um em parecer o que não é. Ele reside na capacidade que temos de sentir e de acreditar de boa fé que somos o que não somos.” Eduardo Gianetti em Autoengano p. 93 e 100.

Sou verdade e sou mentira,
Ah, como sou mentirosa, muito mentirosa, você não serácapaz de saber...
Minto para esconder,
Minto para que não me vejam,
Minto para não me ver,
Minto para trapacear,
Minto porque não sou tão boa como deveria,
Alguém por acaso é ??
Minto porque quero que me aceitem e gostem de mim,
Exatamente como não sou!
Minto, mesmo sabendo que é às vezes, poucas vezes, é inútil mentir para mim mesma.
Minto porque fantasiar é meu exercício predileto.
Todos nós somos grandes mentirosos e precisamos desesperadamente das nossas mentiras para sobreviver.
Portanto, torna-se inevitável sentar-se e separar nossas mentiras das nossas verdades.
Mas será que isso é possível ???

Deseducar o Corpo

“Nós humanos, para renascer, temos de esquecer – abandonar a casca velha para que a nova apareça -, as cascas vazias das cigarras presas aos troncos das árvores são um passado subterrâneo que teve de ser abandonado para que o ser voante nascesse. A educação é um processo de sucessivas demãos de tinta sobre o corpo: cascas. O esquecimento e a desaprendizagem são as sucessivas raspagens em busca do esquecido...
Álvaro de Campos, num lamento, disse que ele era o intervalo entre os desejos dele e aquilo que os desejos dos outros haviam feito dele. Será isso a educação? O processo pelo qual gerações mais velhas vão jogando as redes dos seus desejos, sob a forma de palavras, sobre as gerações mais novas? A educação vai cobrindo nossa pele com sucessivas camadas de tinta. É preciso que a tinta seja raspada para que o corpo ressuscite. Desaprender e esquecer é raspar a tinta. Raspando-se a tinta volta-se ao corpo tal como ele era antes de ser enfeitiçado pelas palavras.”
Rubem Alves em Variações sobre o prazer p. 55 e 56.

Tenho pensado em deseducar meu corpo,
Fazê-lo desaprender sobre dias, horários, posturas, regras...
Ao educar um corpo, nós o endurecemos, o adoecemos, e por fim o matamos.
Então, percebi que para mim é melhor que deseduque meu corpo,
A fim de que possa conquista-lo,
E então, em silêncio ouvir a sua voz,
Vibração que transgride esta ordem repressora de toda liberdade dos meus movimentos.
Já basta! Estou farta de tantas negativas,
Vou ensaiando meu sim desenrolando minha língua num gesto suave,
Ao mesmo tempo forte, agressivo!
Semelhante ao despir-se da amante que se oferece numa oferta apaixonada ao seu amado.

Nada além do meu próprio corpo...

“As águas profundas são o corpo. A psicanálise fala de “inconsciente”. O inconsciente é o lugar onde mora a sabedoria, os saberes que o corpo sabe sem que deles tenha consciência. Por isso, eles não podem ser ditos. Na profundeza das águas tudo é silêncio. A sabedoria do corpo não pode ser dita com palavras-conceito. Ela só pode ser sugerida por meio de metáforas... As metáforas, juntas, fazem a poesia. Poemas são peixes que nadam nas profundezas. É nas profundezas das águas que os poetas os contemplam. Poetas são seres submarinos... Poemas são a fala da fundura das águas, que os reflexos da superfície não deixam ver.” Rubem Alves em Variações sobre o prazer p. 72.

Sinto que preciso me levantar desta cadeira,
E experimentar outro lugar.
Preciso me distanciar deste papel que me confere tamanha imobilidade,
Esterilidade.
Hoje sinto a vida pedindo para me movimentar, não importa de que forma,
Desde que eu dê espaço a esta potência que lateja dentro de mim!
Por estar tão fragmentada, não pude perceber que o fruto do meu desejo
Encontrava-se tão perto...
E não tão longe como eu acreditava.
Por estar desconectada, não pude perceber como as batidas do meu coração eram tão envolventes, batendo num ritmo forte, tão seguro de si a ponto de contagiar todo meu corpo.
Por tudo isso, já não quero mais me encolher, não quero me conter,
Quero ejacular minha vida por aí...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Divagando


Eu deveria pensar, falar ou fazer somente coisas importantes? Impossível! Não vamos nos enganar, eu sou apenas um ser humano...
Como ser humano, penso, falo e faço muitas bobagens, isto porque existe em mim um mar de tolices...
Como ser humano muitas vezes transito entre dois extremos, mas sempre sonhando em trilhar por uma terceira via, a do meio, claro...
Nem sempre sou bem resolvida (aliás, na maioria das vezes) e acumulo muitos sentimentos que deveriam ter sido superados, abandonados, enfim, descartados.
Mas hoje, pelo menos hoje, sou capaz de me ouvir e de atender esta voz tão fundamental para o exercício do humano, que com muito prazer, chama-se liberdade!

Estou de volta

Meu blog parece abandonado.
Meu querido, eu não me esqueci de você...
Para explicar minha ausência, citarei Clarisse Lispector: “Que pena que sou sei escrever quando espontaneamente a “coisa” vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos”.
Estou de volta!!