terça-feira, 26 de janeiro de 2010

“Conhece-te a ti mesmo”


Em busca do meu verdadeiro eu

Ontem à noite era aproximadamente 20:30 quando meu marido me convidou para tomar banho e dormir. Eu olhei bem para ele e disse: - Dormir??? E pensei, mas há tantas coisas para fazer... Mas que coisas são essas? Na verdade nenhuma, pois por causa da crise da coluna, já bastam as 10 horas diárias de trabalho em frente ao computador, logo, visando minha recuperação eu não devo usar computador, nem ficar na Internet e também não era dia de cozinhar. Então que coisas eu teria para fazer além de dormir? Disse a meu marido que minha necessidade de descanso não era similar à dele que realmente estava cansado, mas enfim, depois de assistir mais um pouquinho de TV, fui procurar cama, ainda um tanto quanto resistente.
Quando acordei hoje percebi que foi a melhor coisa que fiz e reconheci que dou menos descanso que necessário ao meu corpo... Percebi que descansar é bom e que preciso descansar mais. Foram necessários dois anos para que eu percebesse isso por mim mesma.
Eu nunca tinha me visto como uma pessoa elétrica, agitada e resistente. Lembro-me de quando fazia RPG e a Taíssa me dizia sempre que eu era uma pessoa que estava ligada no 220, por mais que eu tentasse, não conseguia me enxergar daquela maneira... Mas hoje me vejo assim... Gosto de agitação, de agenda cheia, muitas atividades, nenhum tempo para respirar... Para quê? Não sei, talvez eu busque valor, significado, sentido para minha vida nas muitas coisas que faço, ou talvez eu queira provar para alguém ou para mim mesma que sou útil, sou boa, que sou responsável, como alguém que quer mostrar ao patrão que pode dar conta do serviço.
A nossa busca é legítima, mas as estratégias que usamos muitas vezes são equivocadas...
O desejo, a sede, a busca, o vazio existem, são reais, mas encher minha agenda não significa preencher meu vazio, encontrar o que procuro, saciar minha sede e realizar meus desejos, pelo contrário, encher minha agenda de modo que eu não tenha tempo sequer de respirar só vai me afastar mais daquilo que realmente necessito, procuro, anseio e desejo.
Na última quarta-feira, feriado, também vivi um desses momentos em que simplesmente quis descansar, percebi que foi a melhor coisa que pude fazer...
Cresci num ambiente onde meu principal modelo não valorizava, muito menos priorizava o descanso.
Não repousamos somente por obrigação, repousamos porque precisamos descansar.
A Bíblia fala que até Deus valorizou o descanso, o repouso, mas eu não dei a mínima para isso... Por não me atentar para este detalhe que faz toda a diferença, meu corpo começou a dar sinais de desgaste e começou a berrar como louco. Ainda não interpreto bem minhas demandas, mas digamos que estou começando a querer entender o que minha alma e meu corpo dizem.
Falei anteriormente de desejo, busca, vazio... Ainda não sei discriminar este desejo, esta busca e este vazio... Ainda não sei o que quero, do mesmo modo que não sabia que o que eu precisava de verdade era descansar, mas posso dizer que de uma coisa sei: Conhecemos nossas prioridades, aquilo que é essencial para nós quando nos conhecemos de verdade.
Sempre fui atraída para temas como autoconhecimento e sempre achei que me conhecia bastante. Não poderia estar mais enganada... Lembro-me de uma conversa com uma amiga há muitos anos atrás que me disse que eu deveria ser mais honesta comigo mesma. Na época eu não tinha condições de entender o que ela queria me dizer, mas hoje entendo que quando não nos conhecemos de verdade causamos muitos problemas para nós mesmos e para os muitos outros que convivem conosco.
Autoconhecimento tem a ver com a disposição que temos para encontrar a verdade sobre nós mesmos e conseqüentemente a verdade sobre os outros... Na realidade nem sempre estamos dispostos, aliás, lutamos para manter ocultas nossas verdadeiras intenções e motivações.
Autoconhecimento tem a ver com coragem para sofrer desilusões que conhecer a verdade ocasiona.
Autoconhecimento tem a ver com abandonar um ego falso, frágil, mas persistente, construído a fim de nos manter encarcerados em um ou mais sistemas adoecidos e partir para a autonomia, para a liberdade de escolher viver nossa própria vida.
No fim, autoconhecimento traz paz, serenidade, vigor, águas tranqüilas, refrigério, renovação, mas só no fim... No início, ou no meio para mim significou águas turbulentas, turvas, bravias, tempestades, dor, muita dor, cacos quebrados, laços rompidos, feridas expostas, tensão, aperto, angústia, perplexidade... Mas acho que esta fase já passou...
Não tenho vergonha de dizer aos 32 anos que não sei quem eu sou, que tenho dúvidas acerca da minha real identidade, mas sinto que aos poucos, bem aos poucos, tenho deixado de me identificar com a mulher maravilha.

Paula 26.01.10

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