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Este espaço foi criado porque sou um ser social e não há sentido na expressão que não é compartilhada para agraciar as pessoas seja pela identificação, seja pela orientação, pela inspiração ou pela contemplação.
Sou uma pessoa que escreve porque sente antes mesmo de pensar, e através da escrita procura elaborar suas experiências humanas com toda intensidade que ser humano exige... Sentir, dar-me conta do que sinto e expressar por si só é bem mais do que apenas sobreviver!!!
Sou uma pessoa que escreve porque sente antes mesmo de pensar, e através da escrita procura elaborar suas experiências humanas com toda intensidade que ser humano exige... Sentir, dar-me conta do que sinto e expressar por si só é bem mais do que apenas sobreviver!!!
terça-feira, 5 de abril de 2011
Esquecimento
“Nós humanos para renascer, temos de esquecer – abandonar a casca velha para que a nova apareça -, as cascas vazias das cigarras presas aos troncos das árvores são um passado subterrâneo que teve de ser abandonado para que o ser voante nascesse. A educação é um processo de sucessivas demãos de tinta sobre o corpo: cascas. O esquecimento e a desaprendizagem são sucessivas raspagens em busca do esquecido (...)
As culturas e os saberes se sedimentam sobre o corpo – e é como se camadas de materiais estranhos lhe fossem acrescentadas: a craca de moluscos que gruda no casco dos barcos, as demãos de tinta com que a superfície vai sendo pintada... Enquanto nos lembramos e sabemos os saberes, o corpo dorme no esquecimento(...)
Álvaro de Campos num lamento, disse que ele era o intervalo entre os desejos dele e aquilo que os desejos dos outros haviam feito dele. Será isso a educação? O processo pelo qual as gerações mais velhas vão jogando as redes de seus desejos, sob a forma de palavras, sobre as gerações mais novas? A educação vai cobrindo nossa pele com sucessivas camadas de tinta. É preciso que a tinta seja raspada para que o corpo ressuscite. Desaprender e esquecer é raspar a tinta. Raspando-se a tinta volta-se ao corpo tal como ele era antes de ser enfeitiçado por palavras.”
Rubem Alves - Variações sobre o prazer p. 55, 56.
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