terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Hoje acordei gorda


É o nome de um dos livros que estou lendo no momento (Stella Florence, Editora Rocco, 1999.) e que reúne crônicas leves e bem humoradas sobre a relação das mulheres com o seu peso. O título me chamou a atenção porque um dia desses aí eu também acordei gorda rsrsrsrs... Na verdade quem diria que aquele varapau de 10, 12, 15 anos atrás iria também viver seus dilemas com a balança? Pois é, eu também tenho minhas brigas com a balança. Com a balança não, tadinha, ela não tem culpa de nada, só mostra aquilo que às vezes insistimos em não querer admitir: estamos gordas... Tenho sim minhas brigas com o meu peso, eu que pensava que fosse permanecer esquálida para sempre. Alguns (os que me conhecem a menos de 10 anos) diriam que é palhaçada minha, que eu não tenho motivos para isso... Pior é quando retorno à minha cidade natal, onde a imagem que as pessoas tem de mim em suas memórias é daquela garota magra de doer e quando me vêem dizem; “nossa como você está fofinha!”. Eu não tenho vontade de morrer, mas de matar, se é que alguém me entende... Tudo bem, eu não chego a ser uma king size convencional (e o que seria uma king size convencional???Geralmente é uma mulher grande, mas este conceito é muito variável...), mas chegar aos 66 quilos para mim é estar pra lá de gorda... Um detalhe, eu tenho 1,60.
A primeira vez que tentei emagrecer foi antes do meu casamento, há mais de 7 anos atrás. Eu estava com 58 quilos e na verdade aquilo não era nenhum incomodo para mim, pelo contrário, eu achava até algo bom, como já disse sempre fui um varapau, com pernas grossas, é claro, mas um varapau, sem mais nada de interessante, sem grandes atrativos, sem curvas, sem peitos grandes, sem bunda grande... Isso para uma mulher é uma grande humilhação, acho que foi por isso que decidi tentar ser inteligente, tentar ser espiritual, afinal de contas eu tinha que compensar este déficit de alguma forma rsrsrsr... Até os 22 anos eu não passava dos 50 quilos, não podia nem doar sangue, que humilhação! Até que eu tive uma segunda puberdade e meu corpo começou a mudar, eu ainda não tinha conquistado peitos grandes, nem bunda grande, mas meu corpo deixou de ser infantil para se parecer mais com o corpo de uma mulher. E também há um fato, meu metabolismo começou a mudar, eu era magra, muito magra, mas comia como um pião de obras e comia tudo que engorda sem engordar, isso não é maravilhoso?! Eu era muito, mas muito feliz e não reconhecia, snif... Até que aos 25 anos, noiva, com data para casar, um infeliz atravessou o meu caminho, um opressor, um cara que disse (e ele falou sério) que devolveria sua mulher caso ela se tornasse um tribufu gordo, o resultado foi que, depois de quase 30 anos e 3 filhos, a mulher continua com o mesmo peso de quando se casou... Sua genética deve lhe proporcionar esta peripécia, mas imagino também o preço emocional que ela deve pagar para manter aquele mesmo corpo de 30 anos atrás, como se os anos, os filhos e etc e tal não tivessem passado por ali... Mas, vamos ao opressor, eu o considerava muito e suas opiniões eram ditames divinos para minha vida (eca!), ele cruzou o meu caminho num dia em que eu estava de biquíni e disse que eu estava ótima com exceção da minha barriga um tanto quanto proeminente. Eu acho que foi por causa deste maldito comentário que eu decidi perder peso para ficar “mais bonita” no meu vestido de noiva. Eu disse maldito comentário porque as mulheres sempre foram e sempre são oprimidas. As coisas mudaram bastante, conquistamos o mundo além lar, mas a cada semana ouço no noticiário ou leio na Internet a notícia de que alguma mulher, em algum lugar, se submeteu a uma lipoaspiração e morreu, o que é isso senão opressão?! Agora somos oprimidas e escravizadas de uma outra forma. O que são as celebridades femininas que formam a opinião das mulheres brasileiras? Pessoas fúteis, imbecis, mal resolvidas, mal orientadas, na maioria das vezes atrizes que possuem dinheiro e recursos para manter o corpo em forma, para manter o corpo aprisionado dentro daquele espartilho invisível que molda seus corpos. São mulheres surreais... E são estes tipos de mulher nas quais nos baseamos para manter nossos corpos domados, subjugados. Um dia desses, teve uma delas (você com certeza sabe de quem estou falando) que num discurso também surreal disse que não comia chocolate há 5 anos a fim de manter a boa forma. Tudo bem, eu sou daquelas que não come chocolate (em barra) nem uma vez por mês, quem sabe três vezes ao ano, ou quando o corpo pede, na maioria das vezes o como nas tortas de chocolate (que a-d-o-r-o), não sou chocólatra como tantas tem orgulho em afirmar e muito menos faço apologia à ingestão indiscriminada de chocolate, mas faça me o favor, chocolate não é nenhum veneno! A não ser que para esta pessoa, ele tenha sido uma espécie de crack, cocaína, maconha, álcool ou qualquer outro entorpecente, mas isso qualquer tipo de comida e não apenas o chocolate pode ser... Por que o que faz mal não é a comida, mas a relação que estabelecemos com ela...
Mas, voltando ao meu primeiro regime, decidi fechar a boca por minha própria conta e perdi 3 kilos, isto é de 58k cheguei a 55k, e isso em pleno dezembro onde todo o mundo enfia o pé em termos de comida. Depois fui me consultar com uma nutricionista que estabeleceu uma meta para mim e prescreveu uma dieta, onde eu deveria chegar aos 53k até a data do meu casamento em abril. Como eu sou muito obediente, em 12/04/2003 eu estava linda, maravilhosa e magra no meu vestido de noiva pesando 53k. Mas foi como uma brincadeirinha, nada muito sério afinal de contas eu não tinha tendência pra ser gorda, nem iria engordar depois do casamento como todo mundo e até a minha vozinha querida estavam me praguejando.
Primeira desilusão certeira do casamento: com o casamento vêm os quilos a mais... Vida de casado, aquela comida toda sua, com tudo que você gosta, até porque quem escolheu e pagou foi você, hehehehe... O pudim você já não divide mais com 5, 6 pessoas, é só com uma que se for como meu marido, não é afim de doce e nem quer comer pudim naquele dia... Foram os bolos, os pudins, os fricassês, os strogonoffs, as lazanhas, os merengues de banana, os biscoitos, as tortas salgadas, e mais um fator novo, a ansiedade. Quando mais nova e solteira, minha ansiedade emagrecia, aliás tudo contribuía para que eu perdesse peso, agora ansiedade engorda e com ela eu nem preciso comer muito para fazer estrago, em fevereiro de 2006, engordei quase 6 quilos em um mês, cheguei aos 65,5k. Agora não era brincadeira, era de verdade, eu estava gorda de verdade e isso tinha que parar... Sem nutricionista, estudando nutrição por conta própria através da Internet, montando meus próprios cardápios, reeducando meus hábitos alimentares, caminhando e com muita determinação 1 ano após fechar minha boquita, tinha perdido 10 quilos, cheguei a pesar 55k de novo... Dois anos depois, em fevereiro de 2009, no carnaval estava com minha mãe e subi numa balança 64,4, creeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeedo!!! Dois dias depois eu já estava deixando de comer minhas besteiras favoritas, 5 meses depois, sem exercícios físicos e com muita determinação estava 7 quilos mais magra. Hoje, destes 7 quilos que perdi, readquiri quase 3, mas estou vigiando e é claro quero perder estes trastes novamente. E assim vai minha luta...


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