Hoje não oferecerei as respostas, apenas a pergunta!!!
Seja Bem Vindo ao Blog Transgredindo a Ordem!!!
Este espaço foi criado porque sou um ser social e não há sentido na expressão que não é compartilhada para agraciar as pessoas seja pela identificação, seja pela orientação, pela inspiração ou pela contemplação.
Sou uma pessoa que escreve porque sente antes mesmo de pensar, e através da escrita procura elaborar suas experiências humanas com toda intensidade que ser humano exige... Sentir, dar-me conta do que sinto e expressar por si só é bem mais do que apenas sobreviver!!!
Sou uma pessoa que escreve porque sente antes mesmo de pensar, e através da escrita procura elaborar suas experiências humanas com toda intensidade que ser humano exige... Sentir, dar-me conta do que sinto e expressar por si só é bem mais do que apenas sobreviver!!!
Transgressões e Reflexões
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2009
(35)
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outubro
(14)
- Ainda no mês dedicado aos professores, um convite ...
- Desconstruções do ser, o caos, estado da minha al...
- O amor não acaba, nós é que mudamos
- Ansiedade hoje
- Um surto de ansiedade há um ano atrás...
- O que é certo? Um diálogo entre duas mentes inconf...
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- De uma das minhas mestras Lya Luft: Pensar é Trans...
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- "O Bom Samaritano” ou “ O Bom Travesti"
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outubro
(14)
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
O amor não acaba, nós é que mudamos
Martha Medeiros
Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?
O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.
Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.
O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.
Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?
O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.
Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.
O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Ansiedade hoje
Hoje estou agitada
Mas não chega a um surto de ansiedade...
Hoje me sinto exposta, vulnerável, sensível...
Como se os muros ou redoma que eu usava para me proteger fossem implodidos.
Ainda não vejo o que está além deles,
Só vejo o caos...
Mas isso não me perturba
Quem disse vou arrumar tudo de uma só vez?!
Para cada tarefa há um dia,
Para cada dia há uma tarefa.
Ainda há assuntos que me ameaçam, claro!!
Mas não quero perder o sono os antecipando já que não estão aqui agora.
A ansiedade faz parte da minha natureza, por isso, espero que na próxima vez em que ela vier eu possa tratá-la de como uma querida amiga e não como uma intrusa.
Hoje estou aprendendo a me aceitar por inteiro e não apenas partes,
Aprendendo a viver...
Nada de verdades acabadas,
Nada definitivo,
E hoje apenas estou aprendendo, mas não sei
O que ontem eu pensava que sabia
Descobri que não sabia...
Hoje estou aprendendo,
Aprendendo a desaprender no meu ritmo.
Aceitando minha ignorância,
Em busca de humildade,
Para desfazer-me dos dogmas que construí.
Caminhando ao encontro de novas verdades e um novo sentido para minha existência.
Paula 21.10.2009
Mas não chega a um surto de ansiedade...
Hoje me sinto exposta, vulnerável, sensível...
Como se os muros ou redoma que eu usava para me proteger fossem implodidos.
Ainda não vejo o que está além deles,
Só vejo o caos...
Mas isso não me perturba
Quem disse vou arrumar tudo de uma só vez?!
Para cada tarefa há um dia,
Para cada dia há uma tarefa.
Ainda há assuntos que me ameaçam, claro!!
Mas não quero perder o sono os antecipando já que não estão aqui agora.
A ansiedade faz parte da minha natureza, por isso, espero que na próxima vez em que ela vier eu possa tratá-la de como uma querida amiga e não como uma intrusa.
Hoje estou aprendendo a me aceitar por inteiro e não apenas partes,
Aprendendo a viver...
Nada de verdades acabadas,
Nada definitivo,
E hoje apenas estou aprendendo, mas não sei
O que ontem eu pensava que sabia
Descobri que não sabia...
Hoje estou aprendendo,
Aprendendo a desaprender no meu ritmo.
Aceitando minha ignorância,
Em busca de humildade,
Para desfazer-me dos dogmas que construí.
Caminhando ao encontro de novas verdades e um novo sentido para minha existência.
Paula 21.10.2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Um surto de ansiedade há um ano atrás...
Estou num surto de ansiedade.
Ele já dura muitos dias, ou mais dias do que eu gostaria que durasse...
Não gosto de me sentir assim...
A minha ansiedade parece um furacão que passa e vai levando tudo, vai destruindo tudo e no fim deixa tudo bagunçado.
Pior é eu ter que arrumar tudo depois...
Pior mesmo é não querer enxergar o que está causando tudo isso.
Eu até sei o caminho, mas como estou tão aérea, etérea, minha mente não contribui...
Sempre ponho o carro na frente dos bois, pois a princípio quero justificar, racionalizar, e não apenas sentir, deixar a emoção falar, isso é ameaçador demais para mim...
Vejo presente em meus surtos de ansiedade o meu desejo de ser indomável, incontrolável, livre, tal qual as forças da natureza.
Vejo também a minha ansiedade fosse uma manifestação contra meu estilo de vida tirânico, controlador, rígido...
Se minha ansiedade for uma mensagem, talvez a seja um grito me mandando parar tudo, fazer uma greve geral!!
Sinto necessidade de tratar minha ansiedade de outra forma, mas quando ela aparece, fico tão enlouquecida que torço para que ela se vá logo.
Se minha ansiedade se materializasse, eu me vejo tentando estrangulá-la, abafá-la, ou então, ignorá-la, fingindo que ela não está ali, torcendo para que da mesma forma que veio, ela se vá...
Mas quanto mais negativamente a trato, mais ela persiste e insiste comigo.
A minha ansiedade é produto da minha personalidade, do meu estilo de vida e eu já devia entender isso, no entanto, quando ela aparece, eu a trato como um corpo estranho, um visitante incômodo e indesejado no meu mundo “perfeito e ordeiro”.
A ansiedade incomoda, mas eu poderia entender que pode ela pode ser um convite para chegar mais ...
Sei que há formas melhores de lidar com minha ansiedade, mas agora eu não consigo agir de outra maneira...
Tudo isso é prova de que não sei lidar com minhas emoções, comigo mesma, com meu mundo interior, com meu universo psíquico.
Saber lidar com nossas emoções não é um aprendizado que nasce conosco, não é algo natural, é adquirido, melhor, construído através da experiência...
Nessas horas seria bom que eu me enxergasse como um ser humano e não como uma extraterrestre.
O ser humano é um ser dual e paradoxal por natureza: “aquilo que eu quero fazer, não faço...”
Olha, eu já aprendi muitas coisas, mas ainda muitas outras que preciso aprender...
Há momentos em que sinto muita preguiça, mudar exige esforço e parece tão bom continuar do jeito que está... É a idéia da zona de conforto. Não mudar é confortável, porém gostaria que entrasse em minha cabeça que a preferência pelo conforto em algumas ocasiões pode ser por demais destrutiva.
O que eu chamo de preguiça, pode muito bem ter outro nome, resistência.
A resistência diz que mudar é perigoso, desconhecido, inseguro ou impróprio...
A resistência diz que não estou autorizada a mudar!
A resistência alimenta minha rigidez, e juntas elas impedem que eu tenha contato com qualquer coisa que seja nova ou diferente, com qualquer coisa que produza mudança...
Mas mudar é inevitável, é algo que não se pode controlar depois de algumas escolhas que fiz...
Eu escolhi entrar em contato, logo, mudamos toda vez que entramos em contato com nossa alma através de outros e com outros, isso é bom apesar de ser ameaçador em algumas vezes...
O medo do novo traz a ansiedade, mas é você e só você decide se quer ou não ir adiante.
Paula
20.10.2008
Ele já dura muitos dias, ou mais dias do que eu gostaria que durasse...
Não gosto de me sentir assim...
A minha ansiedade parece um furacão que passa e vai levando tudo, vai destruindo tudo e no fim deixa tudo bagunçado.
Pior é eu ter que arrumar tudo depois...
Pior mesmo é não querer enxergar o que está causando tudo isso.
Eu até sei o caminho, mas como estou tão aérea, etérea, minha mente não contribui...
Sempre ponho o carro na frente dos bois, pois a princípio quero justificar, racionalizar, e não apenas sentir, deixar a emoção falar, isso é ameaçador demais para mim...
Vejo presente em meus surtos de ansiedade o meu desejo de ser indomável, incontrolável, livre, tal qual as forças da natureza.
Vejo também a minha ansiedade fosse uma manifestação contra meu estilo de vida tirânico, controlador, rígido...
Se minha ansiedade for uma mensagem, talvez a seja um grito me mandando parar tudo, fazer uma greve geral!!
Sinto necessidade de tratar minha ansiedade de outra forma, mas quando ela aparece, fico tão enlouquecida que torço para que ela se vá logo.
Se minha ansiedade se materializasse, eu me vejo tentando estrangulá-la, abafá-la, ou então, ignorá-la, fingindo que ela não está ali, torcendo para que da mesma forma que veio, ela se vá...
Mas quanto mais negativamente a trato, mais ela persiste e insiste comigo.
A minha ansiedade é produto da minha personalidade, do meu estilo de vida e eu já devia entender isso, no entanto, quando ela aparece, eu a trato como um corpo estranho, um visitante incômodo e indesejado no meu mundo “perfeito e ordeiro”.
A ansiedade incomoda, mas eu poderia entender que pode ela pode ser um convite para chegar mais ...
Sei que há formas melhores de lidar com minha ansiedade, mas agora eu não consigo agir de outra maneira...
Tudo isso é prova de que não sei lidar com minhas emoções, comigo mesma, com meu mundo interior, com meu universo psíquico.
Saber lidar com nossas emoções não é um aprendizado que nasce conosco, não é algo natural, é adquirido, melhor, construído através da experiência...
Nessas horas seria bom que eu me enxergasse como um ser humano e não como uma extraterrestre.
O ser humano é um ser dual e paradoxal por natureza: “aquilo que eu quero fazer, não faço...”
Olha, eu já aprendi muitas coisas, mas ainda muitas outras que preciso aprender...
Há momentos em que sinto muita preguiça, mudar exige esforço e parece tão bom continuar do jeito que está... É a idéia da zona de conforto. Não mudar é confortável, porém gostaria que entrasse em minha cabeça que a preferência pelo conforto em algumas ocasiões pode ser por demais destrutiva.
O que eu chamo de preguiça, pode muito bem ter outro nome, resistência.
A resistência diz que mudar é perigoso, desconhecido, inseguro ou impróprio...
A resistência diz que não estou autorizada a mudar!
A resistência alimenta minha rigidez, e juntas elas impedem que eu tenha contato com qualquer coisa que seja nova ou diferente, com qualquer coisa que produza mudança...
Mas mudar é inevitável, é algo que não se pode controlar depois de algumas escolhas que fiz...
Eu escolhi entrar em contato, logo, mudamos toda vez que entramos em contato com nossa alma através de outros e com outros, isso é bom apesar de ser ameaçador em algumas vezes...
O medo do novo traz a ansiedade, mas é você e só você decide se quer ou não ir adiante.
Paula
20.10.2008
domingo, 18 de outubro de 2009
O que é certo? Um diálogo entre duas mentes inconformadas Parte II - Paula
Ligia
Acima de qualquer coisa, vejo no teu texto um desabafo...
Não há o que comentar, tudo isso me fez pensar...
Certo, o que é certo?
Certo é ser autêntico ou se enquadrar nos tempos e padrões sociais?
Ninguém deve, ninguém pode ficar à margem daquilo que a sociedade pensa e exige?
Esta palavra certo, do verbo acertar, me fez pensar da forma como fomos criadas, quando falo da forma em que fomos criadas, falo da educação religiosa que tivemos e falo também de tantos outros que não tiveram educação religiosa, mas que são neuróticos, congelados, sementes embotadas no afã de acertar.
No que diz respeito à educação religiosa, a ênfase no acertar é bastante forte, ou melhor, a ênfase no erro, no pecado é muito forte, pois quem quer errar, quem quer pecar?
Todo mundo é incentivado a ser certinho, semi-deuses...
Ninguém fala abertamente que em se tratando de seres humanos, muitas vezes o que é certo só vem depois de se errar bastante e de se pecar bastante também...
Deus nos fez únicos, insubstituíveis, diferentes, diversos...
Somos de etnias diferentes, falamos línguas diferentes, produzimos culturas diferentes, entretanto há sempre uma instituição social tal como igreja, escola, a indústria cultural e até mesmo a família tentando nos padronizar, tudo isso para nos controlar melhor.
Como vc bem destacou no seu texto, existem vivências que são coletivas, isto é, todo mundo passa por elas, tais como infância, adolescência, juventude, adultícia e a maturidade, só que a maneira com que cada um vive cada tempo é particular e só a nós diz respeito.
Eu fico muito, muito irritada quando alguém pergunta pelo neném que ainda não veio, ou quando alguém teima em enxergar uma barriga de grávida debaixo das minhas batas (que eu adooooooooro usar desde cça) ou de um vestidinho mais solto.
Eu acho que deveriam me perguntar sobre qualquer coisa, sobre meus projetos, sobre o que estou fazendo no momento, meus sonhos, meu casamento, mas sempre me perguntam pelo raio do filho e de uma forma como eu só fosse ser alguém depois de parir... Quando respondo que não penso nisso ou que não tenho planos para filhos em curto ou médio prazo, vc precisa ver as caras...
Me sinto como se fosse de outro mundo, ou será que surtei?
Já ouvi tanta coisa como "Vc vai se arrepender!!!" (uma profecia ou uma maldição?!),
"Como vai ser quando envelhecer, quem vai cuidar de vc?" (Então quer dizer que parir é um ótimo investimento para o meu futuro?)
"É tão bom... vc não sabe o que está perdendo..." (Sei sim queridinha, será que vc não entende que o que é bom para vc, não é bom para mim?!).
Tem ainda aqueles que dizem que concordam comigo, dizem que tudo bem, que ainda sou nova, mas acreditam que um dia ainda vou me converter... E se não?!
É muito difícil encontrar alguém que respeite e que admire minha decisão, meus pensamentos e o que eu sinto a respeito de ser mãe... realmente Lígia não é fácil encontrar alguém que me entenda, que nos entenda...
Vejo no teu texto um desabafo e também um clamor por autonomia.
Um clamor pra dentro de você mesma.
As pessoas nos irritam com estes comentários insensatos, mas vejo ainda forças internas que nos empurram em direção ao que os outros pensam que é certo. Permita-me dizer que a luta não é tanto com que está fora de nós, mas com o que está dentro de nós.
Autonomos - Auto = si mesmo Nomos = leis
Sermos autonomos é sermos donos de nossas próprias leis.
A glória do ser humano é ser autonomo, mas a forma como fomos e como somos criados conspira contra a autonomia.
Uma vez comecei a me questionar sobre o porque ficava tão reativa quando alguém me perguntava se eu não achava que estava passando da hora de ter um neném, diante disso me questionei se estava bem resolvida com a questão e na verdade não encontrei nada de "errado" em mim, assim como não há nada de "errado" com muitas que não querem casar, com os insatisfeitos com suas profissões e que decidem mudar mesmo tendo 70 anos ou com qualquer outro que se lixe com as convenções sociais. Errado mesmo era a minha vontade de fazer o certo só para agradar os outros, para ser reconhecida como a certinha, como a boazinha violentando a mim mesma.
Seu desabafo serve para nos mostrar que viver em sociedade, na sociedade e diante da sociedade exige uma alta dose de equilíbrio porque a socialização desde a primeira infância é importante para que não nos tornemos individualistas, nem insensíveis às necessidades alheias, mas de forma alguma não podemos em função do grupo, ou dos grupos perder contato com aquilo que nos faz essencialmente únicos, especiais, diferentes...
Essas cobranças não mudam, vão sempre querer nos enquadrar nos moldes socialmente aceitos e o que temos que fazer amiga é enfrentar as certezas dos outros aceitando as suas incertezas ao nosso respeito, talvez isso os escandalize e os faça pensar...
Se bem que há os que são tão condicionados que há muito não fazem isso, se é que fizeram um dia...
bjssssss
Paula 16/10/09
Acima de qualquer coisa, vejo no teu texto um desabafo...
Não há o que comentar, tudo isso me fez pensar...
Certo, o que é certo?
Certo é ser autêntico ou se enquadrar nos tempos e padrões sociais?
Ninguém deve, ninguém pode ficar à margem daquilo que a sociedade pensa e exige?
Esta palavra certo, do verbo acertar, me fez pensar da forma como fomos criadas, quando falo da forma em que fomos criadas, falo da educação religiosa que tivemos e falo também de tantos outros que não tiveram educação religiosa, mas que são neuróticos, congelados, sementes embotadas no afã de acertar.
No que diz respeito à educação religiosa, a ênfase no acertar é bastante forte, ou melhor, a ênfase no erro, no pecado é muito forte, pois quem quer errar, quem quer pecar?
Todo mundo é incentivado a ser certinho, semi-deuses...
Ninguém fala abertamente que em se tratando de seres humanos, muitas vezes o que é certo só vem depois de se errar bastante e de se pecar bastante também...
Deus nos fez únicos, insubstituíveis, diferentes, diversos...
Somos de etnias diferentes, falamos línguas diferentes, produzimos culturas diferentes, entretanto há sempre uma instituição social tal como igreja, escola, a indústria cultural e até mesmo a família tentando nos padronizar, tudo isso para nos controlar melhor.
Como vc bem destacou no seu texto, existem vivências que são coletivas, isto é, todo mundo passa por elas, tais como infância, adolescência, juventude, adultícia e a maturidade, só que a maneira com que cada um vive cada tempo é particular e só a nós diz respeito.
Eu fico muito, muito irritada quando alguém pergunta pelo neném que ainda não veio, ou quando alguém teima em enxergar uma barriga de grávida debaixo das minhas batas (que eu adooooooooro usar desde cça) ou de um vestidinho mais solto.
Eu acho que deveriam me perguntar sobre qualquer coisa, sobre meus projetos, sobre o que estou fazendo no momento, meus sonhos, meu casamento, mas sempre me perguntam pelo raio do filho e de uma forma como eu só fosse ser alguém depois de parir... Quando respondo que não penso nisso ou que não tenho planos para filhos em curto ou médio prazo, vc precisa ver as caras...
Me sinto como se fosse de outro mundo, ou será que surtei?
Já ouvi tanta coisa como "Vc vai se arrepender!!!" (uma profecia ou uma maldição?!),
"Como vai ser quando envelhecer, quem vai cuidar de vc?" (Então quer dizer que parir é um ótimo investimento para o meu futuro?)
"É tão bom... vc não sabe o que está perdendo..." (Sei sim queridinha, será que vc não entende que o que é bom para vc, não é bom para mim?!).
Tem ainda aqueles que dizem que concordam comigo, dizem que tudo bem, que ainda sou nova, mas acreditam que um dia ainda vou me converter... E se não?!
É muito difícil encontrar alguém que respeite e que admire minha decisão, meus pensamentos e o que eu sinto a respeito de ser mãe... realmente Lígia não é fácil encontrar alguém que me entenda, que nos entenda...
Vejo no teu texto um desabafo e também um clamor por autonomia.
Um clamor pra dentro de você mesma.
As pessoas nos irritam com estes comentários insensatos, mas vejo ainda forças internas que nos empurram em direção ao que os outros pensam que é certo. Permita-me dizer que a luta não é tanto com que está fora de nós, mas com o que está dentro de nós.
Autonomos - Auto = si mesmo Nomos = leis
Sermos autonomos é sermos donos de nossas próprias leis.
A glória do ser humano é ser autonomo, mas a forma como fomos e como somos criados conspira contra a autonomia.
Uma vez comecei a me questionar sobre o porque ficava tão reativa quando alguém me perguntava se eu não achava que estava passando da hora de ter um neném, diante disso me questionei se estava bem resolvida com a questão e na verdade não encontrei nada de "errado" em mim, assim como não há nada de "errado" com muitas que não querem casar, com os insatisfeitos com suas profissões e que decidem mudar mesmo tendo 70 anos ou com qualquer outro que se lixe com as convenções sociais. Errado mesmo era a minha vontade de fazer o certo só para agradar os outros, para ser reconhecida como a certinha, como a boazinha violentando a mim mesma.
Seu desabafo serve para nos mostrar que viver em sociedade, na sociedade e diante da sociedade exige uma alta dose de equilíbrio porque a socialização desde a primeira infância é importante para que não nos tornemos individualistas, nem insensíveis às necessidades alheias, mas de forma alguma não podemos em função do grupo, ou dos grupos perder contato com aquilo que nos faz essencialmente únicos, especiais, diferentes...
Essas cobranças não mudam, vão sempre querer nos enquadrar nos moldes socialmente aceitos e o que temos que fazer amiga é enfrentar as certezas dos outros aceitando as suas incertezas ao nosso respeito, talvez isso os escandalize e os faça pensar...
Se bem que há os que são tão condicionados que há muito não fazem isso, se é que fizeram um dia...
bjssssss
Paula 16/10/09
O que é certo?! Um diálogo entre duas mentes inconformadas... Parte I Ligia S Santos
O que é certo?
Meditando sobre a vida não chego nem a 50% do que ela realmente representa. Aliás, acho que nem a 10%. Seria muita pretenção.
Enfim, sei que nunca chegarei a uma porcentagem significativa, mas independente disso, não deixo de meditar sobre ela.
Vivo numa sociedade de cobranças sem fim. Nasci... como é linda, mas está tão magrinha ou está gordinha essa bebê...
Quando criança... essa menina não fala, o gato comeu a língua dela? Parece bicho do mato...
Adolescente... quanta espinha, precisa fazer um tratamento. já ficou mocinha? já tá namorando? vai fazer vestibular para quê?
Jovem... já terminou a faculdade? e o emprego? já casou? se casei, quando vem o primeiro fiho? com o primeiro filho, e o segundo?
Adulta... ainda não casou? largou a profissão e está em busca de outra? mas já está velha para isso... que roupa é essa?
Idosa... ainda quer estudar? vai casar de novo? como assim, dançando nessa idade?
Fases... são apenas fases... não impotam...
Quem determina o tempo interno sou eu. Já me basta ser escrava do tempo cronológico e fisiológico.
Quem determinou que existe tempo certo para casar, ter filhos ou não tê-los, para retomar o sonho de adolescência, para, enfim, fazer o que se quer?
Já me basta ser escrava de mim mesma, dos meus pensamentos, traumas, culpas, complexos, neuroses, preconceitos...
Quero liberdade para fazer o que quiser e quando quiser sem ter que dar satisfações a ninguém...
Estou cansada das minhas próprias cobranças, ainda tenho que aturar as dos outros? Não, mil vezes não!!!!!
A vida é efemera, e por isso não tenho tempo a perder procurando o que é certo e o que é errado. Esse conceito é transcendental. Nunca será totalmente revelado.
O que me faz feliz e não fere ao outro, para mim é certo. Acho que estou sendo pretenciosa, mas é o que penso.
Não vou desistir do que acredito, mesmo que tenha passado da idade...
Paula, pode falar o q quiser, confio plenamente em vc. bjussss
Meditando sobre a vida não chego nem a 50% do que ela realmente representa. Aliás, acho que nem a 10%. Seria muita pretenção.
Enfim, sei que nunca chegarei a uma porcentagem significativa, mas independente disso, não deixo de meditar sobre ela.
Vivo numa sociedade de cobranças sem fim. Nasci... como é linda, mas está tão magrinha ou está gordinha essa bebê...
Quando criança... essa menina não fala, o gato comeu a língua dela? Parece bicho do mato...
Adolescente... quanta espinha, precisa fazer um tratamento. já ficou mocinha? já tá namorando? vai fazer vestibular para quê?
Jovem... já terminou a faculdade? e o emprego? já casou? se casei, quando vem o primeiro fiho? com o primeiro filho, e o segundo?
Adulta... ainda não casou? largou a profissão e está em busca de outra? mas já está velha para isso... que roupa é essa?
Idosa... ainda quer estudar? vai casar de novo? como assim, dançando nessa idade?
Fases... são apenas fases... não impotam...
Quem determina o tempo interno sou eu. Já me basta ser escrava do tempo cronológico e fisiológico.
Quem determinou que existe tempo certo para casar, ter filhos ou não tê-los, para retomar o sonho de adolescência, para, enfim, fazer o que se quer?
Já me basta ser escrava de mim mesma, dos meus pensamentos, traumas, culpas, complexos, neuroses, preconceitos...
Quero liberdade para fazer o que quiser e quando quiser sem ter que dar satisfações a ninguém...
Estou cansada das minhas próprias cobranças, ainda tenho que aturar as dos outros? Não, mil vezes não!!!!!
A vida é efemera, e por isso não tenho tempo a perder procurando o que é certo e o que é errado. Esse conceito é transcendental. Nunca será totalmente revelado.
O que me faz feliz e não fere ao outro, para mim é certo. Acho que estou sendo pretenciosa, mas é o que penso.
Não vou desistir do que acredito, mesmo que tenha passado da idade...
Paula, pode falar o q quiser, confio plenamente em vc. bjussss
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
De uma das minhas mestras Lya Luft: Pensar é Transgredir
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos, para não morrermos soterrados na poesia da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência : isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante : "Parar pra pensar, nem pensar !"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar : reavaliar-se .
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar. Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondemos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se : a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência : isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante : "Parar pra pensar, nem pensar !"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar : reavaliar-se .
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar. Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondemos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se : a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Angústia: Uma dor que reorganiza...
“A angústia arrasa. Demole certezas, aniquila, mas pode ser educativa (...)
A angústia é um pleno conhecimento do nosso interior, ou seja, ela é intrínseca à experiência da liberdade (...) É a angústia, inclusive, que auxiliar o indivíduo a elaborar quem ele é realmente, onde se encontra existencialmente e para onde ele deve ir através de suas escolhas”.
Um bolo do estômago.
Algo que não digeri, nem processei...
Está entalado, atravessado, obstruindo a passagem
Acabando com a circulação.
Na verdade há uma batalha sendo travada em minha mente e em meu coração,
Ela está acontecendo no subterrâneo do meu ser,
Onde o meu raciocínio não chega, a razão não alcança...
A luta acontece onde eu não posso entender.
Só sinto o bolo, o enjôo, o mau estar,
A letargia, o peso da morte...
Alguma coisa morreu dentro de mim
Olho no espelho e vejo os olhos baços, sem vida...
Quisera eu que um buraco abrisse debaixo de mim e me engolisse, seria tão bom...
Mas será que este não é meu desejo de não querer enfrentar a vida,
Admitir a ferida e fazer eclodir a dor?!
Morto não sente dor...
Só sente dor quem está vivo
Minha dor é a vida latejando dentro de mim.
A dor é uma amiga,
Que eu tento a todo instante calar, silenciar...
E com isso me infantilizo, vivendo uma fantasia onde não há perdas significativas,
Para não viver a dor.
Porém sem dor não há amor.
Amor não é masoquismo, não é se comprazer no sofrimento...
Amor não é co-dependência,
Ou qualquer outra anulação da personalidade em função do outro.
Amor é um exercício da maturidade.
Deixo de amar porque insisto em ficar agarrada às minhas fantasias do que poderia ter sido
E não abraço e aceito a realidade daquilo que é.
Aquilo que é dói demais,
Mas não mata mais do que aquilo que poderia ter sido e não é...
Às vezes flertamos mais que a morte, com a destruição do que com a vida
E com isso perdemos muito tempo até entendermos o que é viver.
Pena que para alguns esta compreensão chega tarde demais,
Chega apenas para não deixar o indivíduo partir para a outra vida com o gosto de fel na boca.
Quem ama a fantasia nada pode mudar,
Mas quem aceita aquilo que é e quem é, pode realmente alterar o rumo da sua história...
É assim que eu me sinto: desestruturada,
Sem eira, nem beira,
Como se eu tivesse perdido o rumo, o meu norte...
Estou solta, perdida, desligada,
Uma pipa avoada!
Interessante é que uma pipa voa ao sabor do vento, mas o tempo todo ela está presa pelas mãos do seu condutor e somente quando é cortada que voa livre pelo céu, levada pelo vento até ser apanhada outra vez ... ou não...
Ser livre dói,
Não há controle, não há condutor
Apenas eu e o outro, eu e o mundo, eu e algo que não é eu,
Algo com quem tenho que aprender a interagir e não me perder nele.
Ser livre é ser dono de suas próprias leis: auto nomos.
Ser livre é ser dono de si mesmo e isso inclui ser dono das suas alegrias, dos seus medos, das suas angústias e das suas incertezas.
Ser livre é ser dono de sua própria dor e liberá-la, deixar que cumpra seu propósito.
Ser livre é colocar a cabeça em cima do travesseiro, respirar bem lenta e profundamente dormindo o sono dos anjos.
Ser livre é ser desapegado...
Ser é livre é viver focado naquilo que só nos faz bem.
A angústia é um pleno conhecimento do nosso interior, ou seja, ela é intrínseca à experiência da liberdade (...) É a angústia, inclusive, que auxiliar o indivíduo a elaborar quem ele é realmente, onde se encontra existencialmente e para onde ele deve ir através de suas escolhas”.
Um bolo do estômago.
Algo que não digeri, nem processei...
Está entalado, atravessado, obstruindo a passagem
Acabando com a circulação.
Na verdade há uma batalha sendo travada em minha mente e em meu coração,
Ela está acontecendo no subterrâneo do meu ser,
Onde o meu raciocínio não chega, a razão não alcança...
A luta acontece onde eu não posso entender.
Só sinto o bolo, o enjôo, o mau estar,
A letargia, o peso da morte...
Alguma coisa morreu dentro de mim
Olho no espelho e vejo os olhos baços, sem vida...
Quisera eu que um buraco abrisse debaixo de mim e me engolisse, seria tão bom...
Mas será que este não é meu desejo de não querer enfrentar a vida,
Admitir a ferida e fazer eclodir a dor?!
Morto não sente dor...
Só sente dor quem está vivo
Minha dor é a vida latejando dentro de mim.
A dor é uma amiga,
Que eu tento a todo instante calar, silenciar...
E com isso me infantilizo, vivendo uma fantasia onde não há perdas significativas,
Para não viver a dor.
Porém sem dor não há amor.
Amor não é masoquismo, não é se comprazer no sofrimento...
Amor não é co-dependência,
Ou qualquer outra anulação da personalidade em função do outro.
Amor é um exercício da maturidade.
Deixo de amar porque insisto em ficar agarrada às minhas fantasias do que poderia ter sido
E não abraço e aceito a realidade daquilo que é.
Aquilo que é dói demais,
Mas não mata mais do que aquilo que poderia ter sido e não é...
Às vezes flertamos mais que a morte, com a destruição do que com a vida
E com isso perdemos muito tempo até entendermos o que é viver.
Pena que para alguns esta compreensão chega tarde demais,
Chega apenas para não deixar o indivíduo partir para a outra vida com o gosto de fel na boca.
Quem ama a fantasia nada pode mudar,
Mas quem aceita aquilo que é e quem é, pode realmente alterar o rumo da sua história...
É assim que eu me sinto: desestruturada,
Sem eira, nem beira,
Como se eu tivesse perdido o rumo, o meu norte...
Estou solta, perdida, desligada,
Uma pipa avoada!
Interessante é que uma pipa voa ao sabor do vento, mas o tempo todo ela está presa pelas mãos do seu condutor e somente quando é cortada que voa livre pelo céu, levada pelo vento até ser apanhada outra vez ... ou não...
Ser livre dói,
Não há controle, não há condutor
Apenas eu e o outro, eu e o mundo, eu e algo que não é eu,
Algo com quem tenho que aprender a interagir e não me perder nele.
Ser livre é ser dono de suas próprias leis: auto nomos.
Ser livre é ser dono de si mesmo e isso inclui ser dono das suas alegrias, dos seus medos, das suas angústias e das suas incertezas.
Ser livre é ser dono de sua própria dor e liberá-la, deixar que cumpra seu propósito.
Ser livre é colocar a cabeça em cima do travesseiro, respirar bem lenta e profundamente dormindo o sono dos anjos.
Ser livre é ser desapegado...
Ser é livre é viver focado naquilo que só nos faz bem.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Pensando no dia das crianças...
Existe uma criança que mora em você, como ela está???
No dia das crianças, celebre a criança que você ainda é!
Porque a infância passa, mas de uma certa forma ela é atemporal!!!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
"O Bom Samaritano” ou “ O Bom Travesti"
E perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" E ele lhes contou a seguinte parábola:Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima. Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: "Vá passando a carteira". O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas: "Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você." Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: "Ego te absolvo..." Levantou-se então, voltou para o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho: "Você já tem Cristo no seu coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu salvador e seus problemas serão resolvidos!" O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, "aleluia!" e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse: "Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada. Pode ser, mesmo, que você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram. Mas agora sua dívida está paga. Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir." Colocou suas mãos na cabeça do ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes. Eles o olhavam com ódio. Jesus os olhou com amor e lhes perguntou: "Quem foi o próximo do homem ferido?" Rubem Alves
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