sexta-feira, 12 de março de 2010

Transporte Coletivo Urbano: "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".


Acabo de ler o ranking das empresas de ônibus com o maior número de reclamações divulgado pela Secretaria Municipal de Transportes Urbanos, e verifiquei que a Empresa Transportes Estrela está no 23º lugar num total de 41 empresas. Acho que há algum equívoco aí, porque a Empresa Transportes Estrela responsável pela linha 711 (Rocha Miranda – Rio Comprido) presta um péssimo serviço à população e em minha opinião deveria figurar entre as primeiras do ranking.
Ir e voltar do trabalho todos os dias deveria ser uma tarefa que no mínimo não acrescentasse mais estresse além daqueles vividos no trabalho. Será que não basta as 8, 10 o 12 horas diárias que nós dedicamos ao trabalho todos os dias? Alguns de segunda a sexta, outros de segunda a sábado e ainda outros de Segunda a Domingo. Além dos desafios que vivemos em nosso trabalho ainda temos que suportar o desserviço que algumas empresas de transporte nos impõe. É imposição mesmo e não oferta como costuma dizer.
Depois da Metro Rio ter feito aquela cagada (perdão pela expressão, mas não pude encontrar outra) da linha 1 A, ter aumentado o tempo de viagem e também o número de usuários, desisti de ir para o trabalho de Metrô. Antes dessa trapalhada da Metro Rio, viajar de metrô já me incomodava porque eu me sentia mais bicho do que gente. Ora eu me sentia uma sardinha, ora eu me sentia um boi, tudo menos gente, porque o desserviço prestado é desumano. Eles vivem com uma conversinha de que estão melhorando, de que querem melhorar, mas não verdade o que eles querem é ganhar dinheiro. Uma passagem que custa R$ 2,80 para fazer uma viagem desconfortável ao extremo com todos aqueles problemas que a gente já sabe, tais como: superlotação, falta de ar condicionado, panes... E que ainda acaba com a minha auto-estima porque afinal de contas eu sou gente e gosto de ser tratada como gente!
Esquecendo que o Metrô existe, uma outra opção que existe para chegar ao meu trabalho é o ônibus da linha 711 da Empresa Transportes Estrela. Para começar esta maldita empresa não é organizada quanto aos intervalos em que os ônibus saem da garagem, já esperei 40 minutos no ponto por um ônibus e a queixa não é só minha, todos os dias ouço pessoas dizendo que esperam o mesmo tempo entre um ônibus e outro. Penso que se diminuíssem o intervalo entre um ônibus e outro no horário do rush já teríamos uma melhora significativa, mas... Vamos ao outro problema, os motoristas desta maldita linha não param quanto há passageiros para embarcar. Eu não sei qual o problema deles, sinceramente. Eu embarco em Del Castilho, em um ponto próximo à LBV e já fiquei em uma situação em que quatro ônibus passavam por mim e não paravam, justamente naquele ponto que é obrigatório para eles. Em janeiro deste ano a empresa colocou um fiscal ali e então todos os motoristas agora param naquele ponto como mocinhas bem comportadas. O terceiro problema é a superlotação dos carros, nas férias escolares os ônibus circulam lotados, mas não superlotados. De vez em quando eu desejo que haja um ônibus somente para os estudantes das escolas públicas, porque só assim haveria mais espaço, mais “conforto” nos ônibus para os trabalhadores, assim como eu. Mas entendo e defendo como profissional da educação o direito que estes estudantes tem à escola e nisso está implícito o direito que estes estudantes tem de viajar nos ônibus. A passagem destes estudantes saem de graça para eles, mas não é uma boa ação, um favor que a empresa faz aos mesmos, o governo municipal e estadual paga as passagens destes estudantes, este serviço não sai de graça, ele sai do orçamento do governo e também dos nossos bolsos. Estou me estendendo neste assunto porque as Empresas de ônibus querem fazer parecer para nós passageiros e até mesmo para seus funcionários que este serviço sai de graça. Agora nesta onda de superlotação de ônibus tenho viajado bem próxima dos motoristas e já vi alguns fazerem questão de não parar para estudante, pois eles “querem e precisam” chegar à garagem com receita, outros já tem uma antipatia “natural” mesmo, talvez seja porque não foram beneficiários do mesmo direito. A empresa sabe quantos passageiros transporta e sabe quais são as épocas de pico, não seria bom para ela se disponibilizasse um número maior de carros para circular? Não entendo esta lógica imbecil em que se lucra com a insatisfação daqueles que propiciam a existência e a permanência da empresa no mercado.
Assim como eu muitos se sentem insatisfeitos, mas o que mais me entristece é que eles não acreditam no poder que tem. Quantas vezes eu já falei em reclamar com a própria empresa através do serviço de ouvidoria ou através da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos e já ouvi que reclamar não dá em nada. A gente vive neste país onde impera a imunidade e população não acredita mais em nada, mas por outro lado há conformismo, ignorância do direito que temos de reivindicar por melhores serviços. Me entristeço porque a maioria das pessoas com quem viajo se contentam em serem tratadas de forma desumana pelas empresas de ônibus e indiretamente por aqueles que elas mesmas elegeram. Eu concordo com a idéia de que temos o governantes que merecemos. Para muitas dessas pessoas governar bem é dar cheque cidadão, bolsa família, apartamento do PAC. Não estou dizendo que estes programas não são necessários, o que quero dizer é que é preciso ir além disso.
Lamento também porque as melhorias previstas e propostas para a situação do transporte urbano só vão acontecer por causa da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016. Se não houvesse este eventos, permaneceríamos todos num inferno sem ninguém que pudesse nos salvar. Mesmo assim estou pagando para ver onde isso tudo vai dar e aproveito este espaço para protestar porque afinal de contas sou oprimida, mas sou gente.

Paula Regina Araújo de Azevedo Silva

Nenhum comentário: