Seja Bem Vindo ao Blog Transgredindo a Ordem!!!
Este espaço foi criado porque sou um ser social e não há sentido na expressão que não é compartilhada para agraciar as pessoas seja pela identificação, seja pela orientação, pela inspiração ou pela contemplação.
Sou uma pessoa que escreve porque sente antes mesmo de pensar, e através da escrita procura elaborar suas experiências humanas com toda intensidade que ser humano exige... Sentir, dar-me conta do que sinto e expressar por si só é bem mais do que apenas sobreviver!!!
Sou uma pessoa que escreve porque sente antes mesmo de pensar, e através da escrita procura elaborar suas experiências humanas com toda intensidade que ser humano exige... Sentir, dar-me conta do que sinto e expressar por si só é bem mais do que apenas sobreviver!!!
Transgressões e Reflexões
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2009
(35)
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setembro
(13)
- LEMBRETE AOS AMIGOS
- Negra ou Morena?
- Quando três é demais
- Hoje eu quero ser criança
- O que é primordial ?
- Pensando no meu maior companheiro de brincadeiras ...
- Transgressão por palavras
- SENHOR, PRECISO DESESPERADAMENTE MUDAR DE VIDA
- Coisas que estou pensando perto do meu aniversário
- A força que está por trás do movimento do tempo é ...
- Resposta do Ricardo a Sobre Seres Humanos e Máquinas
- Sobre seres humanos e máquinas
- Ser humano é ser paradoxal...
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setembro
(13)
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Negra ou Morena?
"Vá em busca do seu povo. Ame-o.
Aprenda com ele.
Comece com aquilo que ele sabe.
Construa sobre aquilo que ele tem."
Rwame N’Krumah
Não tem pra onde correr, sou negra, negra de verdade!
Identificar-me como negra num país como o Brasil que dá ênfase à hibridização, à mestiçagem é um desafio. Muitas vezes é quase que sair no tapa com quem me interpela!
A ênfase na hibridização, na fábula de que aqui não há negros, brancos, amarelos e/ou vermelhos e que somos todos misturados, é um entrave à construção e ao fortalecimento de uma identidade negra, se alguém porventura se assume como negro e diz ter orgulho de sê-lo corre o risco de ser taxado de racista ao inverso.
Penso (é claro bem alicerçada nos teóricos das Ciências Sociais tais como o MUNANGA e o DAMATTA) que a mestiçagem é um mito que serve para mascarar a forte hierarquização sócio-racial na qual foi e está instituída a nossa célebre sociedade brasileira. Daí a dificuldade para estabelecer e fortalecer uma identidade negra.
Assim sendo, não existem negros, ou se existem são apenas minoria como apontam os censos, somos “com muito orgulho” moreninhos e moreninhas.
Por isso, ser negro no Brasil é fazer uma opção, não basta nascer negro, é preciso tornar-se negro. Ser negro é ir além das características fenotípicas e identificar-se social e culturalmente com um grupo que possui as mesmas origens e uma contribuição cultural própria.
Um negro se descobre como tal em pelo menos três situações:
Aprenda com ele.
Comece com aquilo que ele sabe.
Construa sobre aquilo que ele tem."
Rwame N’Krumah
Não tem pra onde correr, sou negra, negra de verdade!
Identificar-me como negra num país como o Brasil que dá ênfase à hibridização, à mestiçagem é um desafio. Muitas vezes é quase que sair no tapa com quem me interpela!
A ênfase na hibridização, na fábula de que aqui não há negros, brancos, amarelos e/ou vermelhos e que somos todos misturados, é um entrave à construção e ao fortalecimento de uma identidade negra, se alguém porventura se assume como negro e diz ter orgulho de sê-lo corre o risco de ser taxado de racista ao inverso.
Penso (é claro bem alicerçada nos teóricos das Ciências Sociais tais como o MUNANGA e o DAMATTA) que a mestiçagem é um mito que serve para mascarar a forte hierarquização sócio-racial na qual foi e está instituída a nossa célebre sociedade brasileira. Daí a dificuldade para estabelecer e fortalecer uma identidade negra.
Assim sendo, não existem negros, ou se existem são apenas minoria como apontam os censos, somos “com muito orgulho” moreninhos e moreninhas.
Por isso, ser negro no Brasil é fazer uma opção, não basta nascer negro, é preciso tornar-se negro. Ser negro é ir além das características fenotípicas e identificar-se social e culturalmente com um grupo que possui as mesmas origens e uma contribuição cultural própria.
Um negro se descobre como tal em pelo menos três situações:
1) Quando sofre discriminação por causa da cor da sua pele – Embora muitos de nós tentemos não ser discriminados apelando para o bom comportamento, outros tendo um poder aquisitivo acima da média e ainda outros estudando muito além que a maioria. Nos esforçamos para sermos negros especiais e então passarmos por brancos a fim de evitar a discriminação, em muitos casos funciona, e como! Mas nem sempre, viu?!
2) Quando se olha no espelho e reconhece o cabelo crespo, os lábios grossos, talvez um nariz largo e pouco achatado... É bom lembrar que a estética negra é uma estética diferente da estética dominante que é a branca, preferencialmente branca européia, enaltecendo as criaturas louras de olhos claros. Meu cabelo não é ruim em relação ao cabelo dos brancos, ele é diferente, é crespo, ou melhor, crespíssimo (como li numa revista há anos atrás), afirmar que meu cabelo é ruim, é afirmar que ele é inferior, pior que o cabelo do não-negro e isso não é verdade (mas vai enfiar isso na cabeça de negros e de brancos também!).
3) Quando se reconhece nas culturas negras existentes, digo culturas negras porque não existe apenas uma cultura negra como matriz da sociedade brasileira, penso que não é preciso ser praticante de candomblé, nem passista de escola de samba para produzir cultura negra e expressar-se como negro.
Realmente, o Brasil é um dos países mais híbridos do mundo, isso não dá pra negar, em minha família há portugueses, índios e negros em sua composição, mas não há como deixar de me posicionar, ser negro além de tudo que foi dito é uma postura política, e é esta minha opção. Muitos podem me chamar de moreninha, mulatinha, mas para mim (e esta também é a forma de me apresentar) eu sou é NEGRA!!!
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Quando três é demais
seg, 28/09/09
por Martha Mendonça
No sábado fiz um post sobre as mudanças na vida sexual dos casais depois que nascem os filhos, com base em uma pesquisa inglesa. A maioria dos comentários era de leitores casados, contando as transformações que vieram a reboque da chegada das crianças. Mas um deles foi contra a corrente. “Não ter filhos é uma boa opção!!!!!”, afirmou a leitora Regina. De fato, para a grande maioria das mulheres, ter filhos é essencial para a felicidade. Mas, aos poucos, e enfrentando o preconceito, cresce o time das que preferem não ser mães.
Tenho duas amigas por volta dos 40 anos que sempre disseram que não queriam filhos. Não era uma questão de “tanto faz”. Desde muito jovens, elas já haviam se decidido por este caminho. Não que não gostem de crianças. São sempre amáveis e jeitosas com as minhas. Mas apresentam um número grande de motivos para esta opção: prezam sua rotina tranquila, o trabalho sem culpa, os fins de semana livres. “A ideia de poder ficar um domingo inteiro de bobeira, sem nada pra fazer, é um dos pontos altos da minha vida”, diz uma delas. A outra não trocaria seu cotidiano cultural de leituras, peças, cinema e cursos de todo tipo por fraldas, mamadeiras e parquinhos. Sem falar na vida a dois, que sempre fica comprometida com os rebentos. Encontrei outro dia na rua uma terceira amiga, também casada - e há muito tempo. Perguntou pelos meus filhos e eu questionei quando ela encomendaria os dela (essa pressão abominável que todo mundo acaba exercendo contra os casais sem filhos). “Não sei se quero, estou confusa. A ideia me apavora, mas tenho medo de me arrepender na hora em que não puder mais”.
Recém-lançado nos Estados Unidos, o livro Two is Enough (Dois é Suficiente), tenta destruir alguns mitos da paternidade - ou da ausência dela, fazendo com que as mulheres que optam por não ter filhos deixem de se sentir alienígenas. “Existe um estigma enorme sobre as mulheres que não têm filhos por opção. Não ser mãe é percebido como egoísmo, com uma pitada de trágico: esta mulher vai morrer sozinha com dez gatos”, diz a autora, Laura S. Scott, casada e sem filhos, que conversou com 170 pessoas sem filhos e especialistas. No site da Marie Claire americana, ela comenta, com bom humor, 10 mitos sobre a paternidade.
TODAS AS MULHERES TÊM INSTINTO MATERNO“Não é verdade, existe um número enorme de mulheres que jamais tiveram este desejo - inclusive muitas que acabaram tendo filhos”
A PATERNIDADE FAZ DE VOCÊ UMA PESSOA MELHOR“Melhor do que quem? Gandhi? Oprah?”
TER FILHOS É, POR DEFINIÇÃO, COMPENSADOR“Para alguns, sim. Para todos? Não. Numa pesquisa com 20 mil pais, um terço afirmou que, se soubessem antes como era, não teriam iniciado uma família”
É DIFERENTE QUANDO O FILHO É SEU“Se você não gosta de crianças por perto, não será mais tolerante só porque são seus. Especialmente quando dão um escândalo no supermercado”
A PATERNIDADE AMADURECE“A sociedade propaga essa ideia, mas vamos encarar a verdade. Ter filhos não faz ninguém se comportar de forma mais madura. Muitos pais e mães agem infantilmente”
UM BEBÊ FORTALECE O CASAMENTO“Toda pesquisa entre casais mostra que o relacionamento conjugal piora - especialmente para as mulheres - depois da chegada do primeiro filho. E jamais volta para o nível de lua-de-mel antes de eles saírem de casa”
VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE NÃO TER TIDO FILHOS“Não existe estudo que mostre este arrependimento, quando foi uma opção pensada”
FILHOS SÃO UMA SEGURANÇA PARA QUANDO VOCÊ ENVELHECER“Filhos adultos têm suas vidas e às vezes moram a centenas de quilômetros de distãncia. Para garantir de verdade o futuro, é melhor fazer um plano de previdência privada”.
A minhas amigas que vivem dilema do “ter ou não ter”, sempre digo a mesma coisa: eu adoro ter filhos, mas é algo que eu sempre quis, sem dúvida alguma. Se você não tem certeza, o melhor é não ter. Porque ser pai ou ser mãe é algo que requer mudanças drásticas, dedicação e sacrifícios. E o retorno disso tudo, a felicidade de vê-los crescer, talvez só seja compensadora para quem optou de verdade por essa aventura.
por Martha Mendonça
No sábado fiz um post sobre as mudanças na vida sexual dos casais depois que nascem os filhos, com base em uma pesquisa inglesa. A maioria dos comentários era de leitores casados, contando as transformações que vieram a reboque da chegada das crianças. Mas um deles foi contra a corrente. “Não ter filhos é uma boa opção!!!!!”, afirmou a leitora Regina. De fato, para a grande maioria das mulheres, ter filhos é essencial para a felicidade. Mas, aos poucos, e enfrentando o preconceito, cresce o time das que preferem não ser mães.
Tenho duas amigas por volta dos 40 anos que sempre disseram que não queriam filhos. Não era uma questão de “tanto faz”. Desde muito jovens, elas já haviam se decidido por este caminho. Não que não gostem de crianças. São sempre amáveis e jeitosas com as minhas. Mas apresentam um número grande de motivos para esta opção: prezam sua rotina tranquila, o trabalho sem culpa, os fins de semana livres. “A ideia de poder ficar um domingo inteiro de bobeira, sem nada pra fazer, é um dos pontos altos da minha vida”, diz uma delas. A outra não trocaria seu cotidiano cultural de leituras, peças, cinema e cursos de todo tipo por fraldas, mamadeiras e parquinhos. Sem falar na vida a dois, que sempre fica comprometida com os rebentos. Encontrei outro dia na rua uma terceira amiga, também casada - e há muito tempo. Perguntou pelos meus filhos e eu questionei quando ela encomendaria os dela (essa pressão abominável que todo mundo acaba exercendo contra os casais sem filhos). “Não sei se quero, estou confusa. A ideia me apavora, mas tenho medo de me arrepender na hora em que não puder mais”.
Recém-lançado nos Estados Unidos, o livro Two is Enough (Dois é Suficiente), tenta destruir alguns mitos da paternidade - ou da ausência dela, fazendo com que as mulheres que optam por não ter filhos deixem de se sentir alienígenas. “Existe um estigma enorme sobre as mulheres que não têm filhos por opção. Não ser mãe é percebido como egoísmo, com uma pitada de trágico: esta mulher vai morrer sozinha com dez gatos”, diz a autora, Laura S. Scott, casada e sem filhos, que conversou com 170 pessoas sem filhos e especialistas. No site da Marie Claire americana, ela comenta, com bom humor, 10 mitos sobre a paternidade.
TODAS AS MULHERES TÊM INSTINTO MATERNO“Não é verdade, existe um número enorme de mulheres que jamais tiveram este desejo - inclusive muitas que acabaram tendo filhos”
A PATERNIDADE FAZ DE VOCÊ UMA PESSOA MELHOR“Melhor do que quem? Gandhi? Oprah?”
TER FILHOS É, POR DEFINIÇÃO, COMPENSADOR“Para alguns, sim. Para todos? Não. Numa pesquisa com 20 mil pais, um terço afirmou que, se soubessem antes como era, não teriam iniciado uma família”
É DIFERENTE QUANDO O FILHO É SEU“Se você não gosta de crianças por perto, não será mais tolerante só porque são seus. Especialmente quando dão um escândalo no supermercado”
A PATERNIDADE AMADURECE“A sociedade propaga essa ideia, mas vamos encarar a verdade. Ter filhos não faz ninguém se comportar de forma mais madura. Muitos pais e mães agem infantilmente”
UM BEBÊ FORTALECE O CASAMENTO“Toda pesquisa entre casais mostra que o relacionamento conjugal piora - especialmente para as mulheres - depois da chegada do primeiro filho. E jamais volta para o nível de lua-de-mel antes de eles saírem de casa”
VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE NÃO TER TIDO FILHOS“Não existe estudo que mostre este arrependimento, quando foi uma opção pensada”
FILHOS SÃO UMA SEGURANÇA PARA QUANDO VOCÊ ENVELHECER“Filhos adultos têm suas vidas e às vezes moram a centenas de quilômetros de distãncia. Para garantir de verdade o futuro, é melhor fazer um plano de previdência privada”.
A minhas amigas que vivem dilema do “ter ou não ter”, sempre digo a mesma coisa: eu adoro ter filhos, mas é algo que eu sempre quis, sem dúvida alguma. Se você não tem certeza, o melhor é não ter. Porque ser pai ou ser mãe é algo que requer mudanças drásticas, dedicação e sacrifícios. E o retorno disso tudo, a felicidade de vê-los crescer, talvez só seja compensadora para quem optou de verdade por essa aventura.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Hoje eu quero ser criança
“Se vocês não deixarem a rígidez, os preconceitos, a ânsia pelo controle da própria vida e da vida dos outros, o orgulho, entre outras coisas, e se tornarem iguais às crianças nunca serão felizes.
Quem é feliz, é humilde e tem o coração idêntico ao de uma criança.”
(Paula parafraseando Mateus 18.1-4)
Hoje quero ser criança e saber apenas com o coração,
Não com a cabeça.
Hoje eu quero ser criança: brincar, correr, suar, respirar rápido, forte, devagar,
O ritmo não importa, que seja como eu desejar.
Hoje eu quero ser criança e fazer da minha cama um colo grande e bem quente,
Para me fazer calar, desarmar e enfim sossegada descansar.
Hoje eu quero ser criança e ser dependente, porque não sou auto-suficiente!
Tudo o que sou, sou, porque preciso de gente!
Hoje quero ser criança e ficar leve porque criança que é criança perdoa, esquece,
Continua a brincar com quem a magoou.
Hoje eu quero ser criança e confiar na direção que aponta o meu coração através dos meus lindos sonhos.
Tratar como realidade aquilo que só existe em minha imaginação.
Hoje eu quero ser criança porque hoje eu não preciso de certezas,
Mas de possibilidades sem limites.
250909
Quem é feliz, é humilde e tem o coração idêntico ao de uma criança.”
(Paula parafraseando Mateus 18.1-4)
Hoje quero ser criança e saber apenas com o coração,
Não com a cabeça.
Hoje eu quero ser criança: brincar, correr, suar, respirar rápido, forte, devagar,
O ritmo não importa, que seja como eu desejar.
Hoje eu quero ser criança e fazer da minha cama um colo grande e bem quente,
Para me fazer calar, desarmar e enfim sossegada descansar.
Hoje eu quero ser criança e ser dependente, porque não sou auto-suficiente!
Tudo o que sou, sou, porque preciso de gente!
Hoje quero ser criança e ficar leve porque criança que é criança perdoa, esquece,
Continua a brincar com quem a magoou.
Hoje eu quero ser criança e confiar na direção que aponta o meu coração através dos meus lindos sonhos.
Tratar como realidade aquilo que só existe em minha imaginação.
Hoje eu quero ser criança porque hoje eu não preciso de certezas,
Mas de possibilidades sem limites.
250909
O que é primordial ?
Falar de mim de uma forma honesta, não é tão fácil quanto parece, ou quanto eu gostaria que fosse.
Nem pensar em mim,
Nem olhar para mim,
Muito menos cuidar de mim.
É mais fácil olhar para fora, dançar conforme a música alheia.
Minha mente e meu olhar foram educados para olhar pra fora e colocar outras coisas que não eram eu em primeiro plano.
Falo tanto em liberdade, mas a conheço muito pouco.
Vivo pouco essa tal de liberdade, ela é um ideal, uma inspiração, um desejo forte, uma paixão, mas não a encontro encarnada em mim.
O que vejo e sinto em mim é rigidez (socorro!!!!!).
Na verdade, ouço as vozes da liberdade que ecoam de dentro de mim, mas tenho resistência em ceder espaço a elas.
A liberdade é aliada do auto-conhecimento, que é um desafio, pois parece e é prazeroso, mas possui muitos momentos de perplexidade e dor... E assim como a vida nos conduz a situações imprevistas e incontroláveis.
Não somos o que pensamos ser.
Não somos o que queremos ser.
Somos o que somos, apenas ser o que somos desmonta muitas fantasias e ilusões que alimentamos desnecessariamente e que nos impede de caminhar com leveza por causa do peso que estas coisas trazem.
Falo estas coisas porque parece que passamos a vida inteira inventando alguém que não somos nós, ou idealizando alguém que nunca chegaremos a ser e com isso nos alienamos do nosso verdadeiro ser e da nossa verdadeira vida.
O que é primordial?
Primordial é ouvir o que o meu coração e o meu corpo dizem.
Primordial é respirar, é ver o mar, é dormir, fazer amor, é ser gente e não máquina.
Primordial é reconhecer e respeitar os próprios limites e os alheios também.
Primordial é viver, porque a existência é única e passa rápido demais.
Primordial é encarnar a liberdade de ser e viver em minha própria vida todos os dias.
Logo, primordial é reconhecer os motivos que tenho para ser feliz hoje e não colocar a felicidade distante de mim, como um alvo a ser perseguido, ou um objetivo a ser conquistado.
Paula 11.04.2008
Nem pensar em mim,
Nem olhar para mim,
Muito menos cuidar de mim.
É mais fácil olhar para fora, dançar conforme a música alheia.
Minha mente e meu olhar foram educados para olhar pra fora e colocar outras coisas que não eram eu em primeiro plano.
Falo tanto em liberdade, mas a conheço muito pouco.
Vivo pouco essa tal de liberdade, ela é um ideal, uma inspiração, um desejo forte, uma paixão, mas não a encontro encarnada em mim.
O que vejo e sinto em mim é rigidez (socorro!!!!!).
Na verdade, ouço as vozes da liberdade que ecoam de dentro de mim, mas tenho resistência em ceder espaço a elas.
A liberdade é aliada do auto-conhecimento, que é um desafio, pois parece e é prazeroso, mas possui muitos momentos de perplexidade e dor... E assim como a vida nos conduz a situações imprevistas e incontroláveis.
Não somos o que pensamos ser.
Não somos o que queremos ser.
Somos o que somos, apenas ser o que somos desmonta muitas fantasias e ilusões que alimentamos desnecessariamente e que nos impede de caminhar com leveza por causa do peso que estas coisas trazem.
Falo estas coisas porque parece que passamos a vida inteira inventando alguém que não somos nós, ou idealizando alguém que nunca chegaremos a ser e com isso nos alienamos do nosso verdadeiro ser e da nossa verdadeira vida.
O que é primordial?
Primordial é ouvir o que o meu coração e o meu corpo dizem.
Primordial é respirar, é ver o mar, é dormir, fazer amor, é ser gente e não máquina.
Primordial é reconhecer e respeitar os próprios limites e os alheios também.
Primordial é viver, porque a existência é única e passa rápido demais.
Primordial é encarnar a liberdade de ser e viver em minha própria vida todos os dias.
Logo, primordial é reconhecer os motivos que tenho para ser feliz hoje e não colocar a felicidade distante de mim, como um alvo a ser perseguido, ou um objetivo a ser conquistado.
Paula 11.04.2008
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Pensando no meu maior companheiro de brincadeiras Carlos Henrique
* Para aperfeiçoar o casamento e torná-lo mais feliz, nossos legisladores criaram o casamento com separação de bens. Mas falta ainda um passo para que a felicidade dos cônjuges seja completa: a criação do casamento com separação de males.* Meu pai me contou que, quando era menino, no início do século passado, guardava seus brinquedos num saco. Os brinquedos que meu pai menino guardava no saco: latas vazias, pedaços de barbante, sementes, sabugos de milho, botões, pedaços de pau, pedrinhas e todo tipo de coisas inúteis. Quando alguém aparecia para visitar minha avó ele pegava o saco de brinquedos e o esvaziava diante da visita. Certamente achava seus brinquedos interessantíssimos! A mãe dele ficava furiosa e lhe aplicava o devido corretivo de chineladas depois que a visita ia embora. A chinela era um dos itens favoritos que minha avó guardava no saco de brinquedos dela. As crianças continuam as mesmas. Ainda gostam de mostrar brinquedos. A gente cresce e continua criança. “Em todo homem há uma criança que deseja brincar...“ (Nietzsche). E todos temos o nosso saco de brinquedos. A fala somos nós abrindo o saco e despejando brinquedos... O saco de brinquedos: isso é de fundamental importância, quando o amor está em jogo. A paixão acontece quando, fascinados por uma imagem – pode ser um jeito de olhar, um jeito de sorrir, um jeito de falar... - imaginamos que dentro daquele corpo de imagem fascinante estão guardados os brinquedos com que gostamos de brincar. O que vemos é a imagem da pessoa amada, mas o que imaginamos são os brinquedos que julgamos guardados dentro dela. A imagem, sozinha, logo se transforma em monotonia. Ninguém consegue ficar o tempo todo contemplando a pessoa amada, por bonita que seja. O que alimenta a paixão não é a imagem mas os brinquedos que ela guarda... Hermann Hesse dizia que a pessoa objeto do nosso amor é apenas um símbolo, uma lagoa onde o rosto da “Outra“ aparece refletido. Que Outra? Aquela que imaginamos. Veja esses versos de Fernando Pessoa. Mas leia bem devagar...“Amamos sempre, no que temos,O que não temos quando amamos.O barco pára, largo os remosE, um a outro, as mãos nos damos.A quem dou as mãos? À Outra.Teus beijos são de mel de boca,São os que sempre pensei dar,E agora a minha boca tocaA boca que eu sonhei beijar.De quem é a boca? Da Outra...“E assim vai. Mas chega um tempo em que nos cansamos de dar as mãos, nos cansamos de olhar, nos cansamos de beijar. E dizemos: “Vamos brincar?“ Hora de abrir o saco, hora da verdade... Os brinquedos espalhados pelo chão, descobrimos que não eram os brinquedos que imaginávamos. O saco era lindo! E a beleza do saco nos enganou. Uma relação amorosa, para ser duradoura, tem de ser uma relação de brincar. Ela dura enquanto os dois brincam. Um gosta de brincar com bilboquê ou de ouvir música sertaneja, enquanto o outro detesta bilboquê e prefere ouvir música clássica... Aí o jeito é brincar sozinho. O Outro, quando aparece, é um desmancha-prazeres... Pergunta que os parceiros deveriam se fazer: “Temos prazer em brincar juntos? Ficamos felizes só em pensar que vamos brincar juntos?“ Se a resposta for negativa é melhor ir procurar outro saco...
Rubem Alves
Rubem Alves
Transgressão por palavras
Transgredir o cotidiano com violenta suavidade de palavras
E plurificar os significadosas relações
as noites e os dias.
Transgredir o cotidiano compassos reais,
sentindo forte necessidade de mudança (violenta e por pluralidades)
que nos alimenta o nosso lado mais que humano.
Trangressão por palavras...
enquanto a noite surge e o café esfria.
Ricardo Pereira
E plurificar os significadosas relações
as noites e os dias.
Transgredir o cotidiano compassos reais,
sentindo forte necessidade de mudança (violenta e por pluralidades)
que nos alimenta o nosso lado mais que humano.
Trangressão por palavras...
enquanto a noite surge e o café esfria.
Ricardo Pereira
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
SENHOR, PRECISO DESESPERADAMENTE MUDAR DE VIDA
“Quem faz anos de terapia às vezes se desespera porque já entendeu as razões que a levam a um tipo de comportamento destrutivo. Mas entender não é o suficiente. Mudar é o processo mais difícil na vida, especialmente mudar o funcionamento da mente desde que nascemos...”
Eliane Brum
Eu vou um pouco mais além, pois acredito que nossa mente é condicionada, formada, alimentada, antes mesmo de nos tornarmos zigotos, embriões, por isso, meu grito desesperado:
Senhor, preciso desesperadamente mudar de vida!
Não uma mudança repentina, radical, mas uma mudança que combine com meu ritmo, que não me violente, isto é, que a mudança seja lenta e gradual!
Esse clamor acima não é de uma pessoa que luta contra vícios como drogas, alcoolismo, tabagismo, compulsão sexual, jogatina entre outros. Mesmo sem viver estas crises especificamente, meu clamor é tão sofrido quanto, pois preciso desesperadamente aprender a viver.
Para mim a existência e a presença de Deus se tornam evidentes quando uma pessoa é capaz de mudar não apenas o seu comportamento, mas sua forma de pensar e de ver a vida.
Preciso mudar e isso não é fácil, e mais difícil ainda é que não vou mudar para ninguém apenas para mim mesma, já chegou a hora de crescer e deixar definitivamente muita coisa, muitos pesos, muitos fantasmas que ainda me acompanham pra trás.
Realmente eu entendo racionalmente muitos processos por quais eu vivo, mas chegou a hora de ir além disso.
Se Deus me visitasse e me perguntasse o que eu gostaria de mudar, eu lhe diria em primeiro lugar que gostaria de mudar meus olhos, meu olhar... Não vejo o suficiente, tenho uma espécie de cegueira, meu olhar é embaçado, limitado, curto e eu gostaria muito que isso mudasse. Eu acho que só a mudança da visão por si só já causaria uma revolução em minha vida, eu até me olharia de outra maneira, veria uma mulher em vez de uma menina, uma mulher rica em vez de uma mulher pobre e quando falo em mulher rica não falo apenas em termos financeiros, mas de alguém que tem muito pra dar em todos os sentidos e que não precisa ficar se economizando. Eu veria como a felicidade sempre esteve ao meu lado, e veria profundamente como sou bonita e especial. Eu veria que não há tempo a perder porque a vida é curta e não sabemos o que pode nos suceder no dia de amanhã, ao mesmo tempo em que veria que há coisas que podem esperar sim e ainda outras que precisamos aceitar porque não vão mudar nunca.
Eu veria muitas coisas ruins, desagradáveis, veria com profundidade o coração humano, o sofrimento alheio e também veria com profundidade o meu coração o que naturalmente me faria sofrer, mas creio que já amadureci a ponto de não ser consumida nem pela minha dor, nem pela dor de ninguém. É preciso ver tristeza, pobreza, dor, desordem, confusão, solidão, loucura, escuridão, pavor, com muita clareza a fim de se tomar uma atitude inovadora frente a tudo isso. Neste momento eu me lembro de pessoas que vivem à margem da sociedade envoltas no manto da pobreza, da impossibilidade, que não tem sequer a oportunidade de se descobrirem humanas porque seus instintos mais primitivos as dominam, fico pensando em como seria se elas pudessem ser transformadas em pessoas de verdade. Elas não são transformadas porque lhes é vedado ver aquilo que verdadeiramente são. É interessante para aqueles que as dominam mantê-las como animais, mostrá-las como animais, fazer com que se sintam como animais porque enquanto pessoas, elas seriam livres e transformariam suas próprias vidas, suas casas, seu o bairro, sua vila, sua cidade... Enfim, abalariam a hierarquia social. Quantas vezes não nos sentimos melhores que elas, mas o nosso drama é o mesmo drama. O manto da pobreza, da impossibilidade, da dor cobrem meus olhos de tal forma que não enxergo a vida como ela é, suas reais possibilidades, não me enxergo como sou, o que realmente posso vir a ser, não enxergo os outros como são e então concluo que a vida possui apenas uma perspectiva: sobrevida e cativeiro de ditames que sequer existem.
CHEGA!!! A pouca visão que tenho já foi suficiente para realizar tanta coisa, é isso mesmo! Apesar de ter uma visão turva, pequena, limitada consegui conquistar muita coisa, mas sinto que é preciso ir mais além... Sinto que preciso ir além de mim mesma, além dos meus limites (no bom sentido), mas ainda não enxergo muita coisa, por isso, gostaria de convidar o Todo Poderoso para uma conferência. Não, conferência não! Conferência é algo muito formal. Quero convidá-lo para um café e depois de fazer tanta cerimônia e Ele enfim ir direto ao assunto e me perguntar porque o chamei, lhe direi que por hoje tenho apenas um desejo: que Ele dilate, amplie, mude minha vida a partir do meu olhar.
Eliane Brum
Eu vou um pouco mais além, pois acredito que nossa mente é condicionada, formada, alimentada, antes mesmo de nos tornarmos zigotos, embriões, por isso, meu grito desesperado:
Senhor, preciso desesperadamente mudar de vida!
Não uma mudança repentina, radical, mas uma mudança que combine com meu ritmo, que não me violente, isto é, que a mudança seja lenta e gradual!
Esse clamor acima não é de uma pessoa que luta contra vícios como drogas, alcoolismo, tabagismo, compulsão sexual, jogatina entre outros. Mesmo sem viver estas crises especificamente, meu clamor é tão sofrido quanto, pois preciso desesperadamente aprender a viver.
Para mim a existência e a presença de Deus se tornam evidentes quando uma pessoa é capaz de mudar não apenas o seu comportamento, mas sua forma de pensar e de ver a vida.
Preciso mudar e isso não é fácil, e mais difícil ainda é que não vou mudar para ninguém apenas para mim mesma, já chegou a hora de crescer e deixar definitivamente muita coisa, muitos pesos, muitos fantasmas que ainda me acompanham pra trás.
Realmente eu entendo racionalmente muitos processos por quais eu vivo, mas chegou a hora de ir além disso.
Se Deus me visitasse e me perguntasse o que eu gostaria de mudar, eu lhe diria em primeiro lugar que gostaria de mudar meus olhos, meu olhar... Não vejo o suficiente, tenho uma espécie de cegueira, meu olhar é embaçado, limitado, curto e eu gostaria muito que isso mudasse. Eu acho que só a mudança da visão por si só já causaria uma revolução em minha vida, eu até me olharia de outra maneira, veria uma mulher em vez de uma menina, uma mulher rica em vez de uma mulher pobre e quando falo em mulher rica não falo apenas em termos financeiros, mas de alguém que tem muito pra dar em todos os sentidos e que não precisa ficar se economizando. Eu veria como a felicidade sempre esteve ao meu lado, e veria profundamente como sou bonita e especial. Eu veria que não há tempo a perder porque a vida é curta e não sabemos o que pode nos suceder no dia de amanhã, ao mesmo tempo em que veria que há coisas que podem esperar sim e ainda outras que precisamos aceitar porque não vão mudar nunca.
Eu veria muitas coisas ruins, desagradáveis, veria com profundidade o coração humano, o sofrimento alheio e também veria com profundidade o meu coração o que naturalmente me faria sofrer, mas creio que já amadureci a ponto de não ser consumida nem pela minha dor, nem pela dor de ninguém. É preciso ver tristeza, pobreza, dor, desordem, confusão, solidão, loucura, escuridão, pavor, com muita clareza a fim de se tomar uma atitude inovadora frente a tudo isso. Neste momento eu me lembro de pessoas que vivem à margem da sociedade envoltas no manto da pobreza, da impossibilidade, que não tem sequer a oportunidade de se descobrirem humanas porque seus instintos mais primitivos as dominam, fico pensando em como seria se elas pudessem ser transformadas em pessoas de verdade. Elas não são transformadas porque lhes é vedado ver aquilo que verdadeiramente são. É interessante para aqueles que as dominam mantê-las como animais, mostrá-las como animais, fazer com que se sintam como animais porque enquanto pessoas, elas seriam livres e transformariam suas próprias vidas, suas casas, seu o bairro, sua vila, sua cidade... Enfim, abalariam a hierarquia social. Quantas vezes não nos sentimos melhores que elas, mas o nosso drama é o mesmo drama. O manto da pobreza, da impossibilidade, da dor cobrem meus olhos de tal forma que não enxergo a vida como ela é, suas reais possibilidades, não me enxergo como sou, o que realmente posso vir a ser, não enxergo os outros como são e então concluo que a vida possui apenas uma perspectiva: sobrevida e cativeiro de ditames que sequer existem.
CHEGA!!! A pouca visão que tenho já foi suficiente para realizar tanta coisa, é isso mesmo! Apesar de ter uma visão turva, pequena, limitada consegui conquistar muita coisa, mas sinto que é preciso ir mais além... Sinto que preciso ir além de mim mesma, além dos meus limites (no bom sentido), mas ainda não enxergo muita coisa, por isso, gostaria de convidar o Todo Poderoso para uma conferência. Não, conferência não! Conferência é algo muito formal. Quero convidá-lo para um café e depois de fazer tanta cerimônia e Ele enfim ir direto ao assunto e me perguntar porque o chamei, lhe direi que por hoje tenho apenas um desejo: que Ele dilate, amplie, mude minha vida a partir do meu olhar.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Coisas que estou pensando perto do meu aniversário
"...Viver é lutar diariamente com o medo. Talvez esse seja o sentido da lenda de São Jorge, lutando com o dragão. O dragão não morre nunca. E a batalha se repete, a cada dia (...) A pomba, que por medo do gavião, se recusasse a sair do ninho, já se teria perdido no próprio ato de fugir do gavião. Porque o medo lhe teria roubado aquilo que de mais precioso existe num pássaro: o vôo. Quem, por medo do terrível, prefere o caminho prudente de fugir do risco, já nesse ato estará morto. Porque o medo lhe terá roubado aquilo que de mais precioso existe na vida humana: a capacidade de se arriscar para viver o que se ama.
O medo não é uma perturbação psicológica. Ela é parte de nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar.Quem por causa do medo se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá, apenas quando a morte vier. Mas só quando ela vier. Esse é o sentido das palavras de Jesus: "Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á. Mas quem perder a sua vida, a encontrará." Viver a vida aceitando o risco da morte: isso tem o nome de coragem. Coragem não é a ausência do medo. É viver, a despeito do medo." Rubem Alves
Faltam poucos dias para o meu aniversário e é nesta época é comum eu parar para pensar. Pensar às vezes não é muito agradável, mas necessário...
Parar para pensar nem sempre é um gesto espontâneo, mas é urgente, é uma demanda que precisa ser atendida.
Como já disse uma grande pensadora: "pensar é transgredir", logo, para dar sentido a nossa existência, em muitas ocasiões precisamos transgredir e subverter aquilo que vem com força de determinação, nos obrigando a escolher caminhos que não são os nossos, a nos conformar com movimentos que nos machucam, que nos apequenam diante das diversas possibilidades que temos pra viver o que somos.
Pensar, apesar de ser difícil e muitas vezes anti-natural é próprio do humano, percebo que o movimento da contemporaneidade tem nos levado a cada dia, cada ano, a cada vez mais nos desumanizar, a arrancar de nós o que temos de mais precioso e nos tornar máquinas: máquinas de trabalhar, máquinas de parir, máquinas de fazer sexo, máquinas consumidoras, máquinas comercializáveis...
Fico transtornada ao perceber que o ser humano anda casa vez mais alienado de si mesmo, alienado na natureza, alienado de seu próprio vazio existencial que o leva a criar, a produzir arte, a pensar, a sentir, a buscar o seu Criador.
Para lidar com sua alienação, o humano tem silenciado suas emoções através de medicamentos, drogas legais e ilegais, através do abuso de alimentos, do consumismo desenfreado, todas estas estratégias infelizes que aceleram sua degradação e aprofundam a alienação.
É neste mundo que eu vivo, a princípio não escolhi viver nele pois ningúem pede para nascer, mas estou escolhendo como viver nele.
Eu mesmo lido com o desafio da não-alienação todos os dias, parece algo óbvio, mas não é tão simples olhar-me no espelho e enxergar o ser humano que sou... Somos tantas coisas que deixamos de ser humanos, deixamos de ser complexos, criativos, autonomos, deixamos de ser nós mesmos e tudo isso por quê? Para quê? Para quem? Longe de fazer apologia ao egoísmo, penso que não podemos viver em função de outros, nem de pai, mãe, filhos, maridos, esposas, irmãos, organizações, empregos, isso não leva ninguém a lugar nenhum... Só pode doar-se para outros aquele que já se possui.
Digo isso porque confundimos altruísmo com simbiose, existem muitas pessoas que mesmo com 20, 30, 40, 50, 60, 70 anos procuram sentido para sua existência em alo exterior a elas, como se quisessem manter com pessoas e Instituições o mesmo vínculo simbiótico, o mesmo cordão que existia entre elas e suas mães no período da gestação. Os anos passam e elas não sabem se comportar de outra maneira, o que é muito triste, pois estas pessoas tem sua existência atrofiada pelo medo de abandonar seus ninhos quentes e confortáveis.
Não posso dizer que não sou desse jeito, não posso dizer que não fui assim, a cada dia tenho descoberto que não sou melhor do que ninguém, sou apenas humana e como humana também me apresentou com inúmeros dilemas existenciais, dilemas estes que procuro tratar através de penosas reflexões (rsrsrsrs), e foi através da reflexão que descobri que preciso mudar minha forma de pensar, descobri que quero me possuir para me doar ao mundo de forma impactante e significativa.
Sinto que é exatamente este o meu desafio para o próximo ano, é este desejo que me move atualmente.
Eu já deveria ter aprendido a lição de que o que procuro intensamente longe de mim na verdade está mais perto do que eu ousaria imaginar... Aquilo que procurei fora de mim, na verdade estava bem perto, estava dentro de mim mesma o tempo todo. Meu desafio é tomar posse de mim mesma, para enfim doar-me, consolidando assim meu projeto existencial...
Bom, eu acho que é isso...
Julho 2009
O medo não é uma perturbação psicológica. Ela é parte de nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar.Quem por causa do medo se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá, apenas quando a morte vier. Mas só quando ela vier. Esse é o sentido das palavras de Jesus: "Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á. Mas quem perder a sua vida, a encontrará." Viver a vida aceitando o risco da morte: isso tem o nome de coragem. Coragem não é a ausência do medo. É viver, a despeito do medo." Rubem Alves
Faltam poucos dias para o meu aniversário e é nesta época é comum eu parar para pensar. Pensar às vezes não é muito agradável, mas necessário...
Parar para pensar nem sempre é um gesto espontâneo, mas é urgente, é uma demanda que precisa ser atendida.
Como já disse uma grande pensadora: "pensar é transgredir", logo, para dar sentido a nossa existência, em muitas ocasiões precisamos transgredir e subverter aquilo que vem com força de determinação, nos obrigando a escolher caminhos que não são os nossos, a nos conformar com movimentos que nos machucam, que nos apequenam diante das diversas possibilidades que temos pra viver o que somos.
Pensar, apesar de ser difícil e muitas vezes anti-natural é próprio do humano, percebo que o movimento da contemporaneidade tem nos levado a cada dia, cada ano, a cada vez mais nos desumanizar, a arrancar de nós o que temos de mais precioso e nos tornar máquinas: máquinas de trabalhar, máquinas de parir, máquinas de fazer sexo, máquinas consumidoras, máquinas comercializáveis...
Fico transtornada ao perceber que o ser humano anda casa vez mais alienado de si mesmo, alienado na natureza, alienado de seu próprio vazio existencial que o leva a criar, a produzir arte, a pensar, a sentir, a buscar o seu Criador.
Para lidar com sua alienação, o humano tem silenciado suas emoções através de medicamentos, drogas legais e ilegais, através do abuso de alimentos, do consumismo desenfreado, todas estas estratégias infelizes que aceleram sua degradação e aprofundam a alienação.
É neste mundo que eu vivo, a princípio não escolhi viver nele pois ningúem pede para nascer, mas estou escolhendo como viver nele.
Eu mesmo lido com o desafio da não-alienação todos os dias, parece algo óbvio, mas não é tão simples olhar-me no espelho e enxergar o ser humano que sou... Somos tantas coisas que deixamos de ser humanos, deixamos de ser complexos, criativos, autonomos, deixamos de ser nós mesmos e tudo isso por quê? Para quê? Para quem? Longe de fazer apologia ao egoísmo, penso que não podemos viver em função de outros, nem de pai, mãe, filhos, maridos, esposas, irmãos, organizações, empregos, isso não leva ninguém a lugar nenhum... Só pode doar-se para outros aquele que já se possui.
Digo isso porque confundimos altruísmo com simbiose, existem muitas pessoas que mesmo com 20, 30, 40, 50, 60, 70 anos procuram sentido para sua existência em alo exterior a elas, como se quisessem manter com pessoas e Instituições o mesmo vínculo simbiótico, o mesmo cordão que existia entre elas e suas mães no período da gestação. Os anos passam e elas não sabem se comportar de outra maneira, o que é muito triste, pois estas pessoas tem sua existência atrofiada pelo medo de abandonar seus ninhos quentes e confortáveis.
Não posso dizer que não sou desse jeito, não posso dizer que não fui assim, a cada dia tenho descoberto que não sou melhor do que ninguém, sou apenas humana e como humana também me apresentou com inúmeros dilemas existenciais, dilemas estes que procuro tratar através de penosas reflexões (rsrsrsrs), e foi através da reflexão que descobri que preciso mudar minha forma de pensar, descobri que quero me possuir para me doar ao mundo de forma impactante e significativa.
Sinto que é exatamente este o meu desafio para o próximo ano, é este desejo que me move atualmente.
Eu já deveria ter aprendido a lição de que o que procuro intensamente longe de mim na verdade está mais perto do que eu ousaria imaginar... Aquilo que procurei fora de mim, na verdade estava bem perto, estava dentro de mim mesma o tempo todo. Meu desafio é tomar posse de mim mesma, para enfim doar-me, consolidando assim meu projeto existencial...
Bom, eu acho que é isso...
Julho 2009
A força que está por trás do movimento do tempo é um lamento que não pode ser consolado”. Judith Viorst
Todos nós temos um mesmo tempo.
Cada um de nós tem o seu próprio tempo.
O tempo passa e não podemos detê-lo
Para desgosto de alguns...
O tempo exige mudanças
Mudar é a forma que temos de nos harmonizar com o tempo.
O tempo não quer ser inimigo de ninguém, apenas um aliado.
Tenho que fazer as pazes com o tempo e com as suas exigências que são justas.
(Apesar de discordarmos no que se refere à justiça).
Ouça o que seu tempo tem a dizer,
Mas não peça a ele que pare, isso é inútil.
O tempo cumpre fielmente sua função,
Então, por mais que queiramos, ele não pára!
É impossível parar o tempo
É impossível segurá-lo nas mãos, aprisioná-lo ou mantê-lo em cativeiro.
Ouça que o seu tempo tem a dizer,
Ele dirá para que você siga o seu curso,
Ele dirá para que você o siga,
Ele dirá para que não tenha medo do que vier descobrir.
Ele dirá que você suportará o que encontrar pela frente.
Ele mesmo nos prepara se o assumirmos como nosso tempo.
Ás vezes sou dominada pelo meu tempo e não o domino, isso é mau!
O tempo só pode ser meu aliado, se tomo posse dele e o uso a meu favor.
Isto é, se me posiciono corretamente diante dele e se ouço o que ele tem a dizer.
Tomar posse do tempo nada tem a ver com aprisioná-lo ou retê-lo, mas vivê-lo...
Tomar posse do tempo é sorver cada minuto do que quer que seja que a vida colocou diante de nós.
Tomar posse do tempo não é fugir dele, ludibriá-lo, mas abraçá-lo.
Não sei tomar posse do meu tempo
Não sei ouvi-lo, estou sempre com a cabeça em outro lugar,
Quem sabe, em outro tempo que não é o meu...
Meu tempo se chama presente, este é o único tempo que possuo de fato.
E tudo o que não é presente, não me pertence, nem está sob o meu domínio.
Tudo o que não é presente, mas que quero reter, é o que perdi, é o que já não tenho mais.
Há uma perda no meu presente.
Tenho investido minhas energias em chorar e tentar recuperar o que perdi
Ou Talvez eu esteja me ocupando com coisas que jamais terei
Há uma perda em meu passado.
O presente diz que eu as perdi, mas eu não acho justo e de alguma maneira eu continuo reivindicando-as, sinto que em busca da justiça também tenho me tornado injusta como a vida.
Posso viver apesar das injustiças causadas pela vida?
Não há quem possa impedir as feridas, mas há como olhar com ternura para as minhas cicatrizes.
E para isso posso usar o tempo como meu aliado.
O tempo se torna meu inimigo quando vivo o presente com o coração retido no passado, no afã de evitar as feridas, a dor, a decepção, a frustração...
Tudo isso é inútil, não posso parar o tempo para tentar recuperar o que se perdeu.
Existem coisas que jamais são recuperadas, por mais que queiramos ou lutemos.
Não há como voltar no tempo.
Paula
06/02/2008
Cada um de nós tem o seu próprio tempo.
O tempo passa e não podemos detê-lo
Para desgosto de alguns...
O tempo exige mudanças
Mudar é a forma que temos de nos harmonizar com o tempo.
O tempo não quer ser inimigo de ninguém, apenas um aliado.
Tenho que fazer as pazes com o tempo e com as suas exigências que são justas.
(Apesar de discordarmos no que se refere à justiça).
Ouça o que seu tempo tem a dizer,
Mas não peça a ele que pare, isso é inútil.
O tempo cumpre fielmente sua função,
Então, por mais que queiramos, ele não pára!
É impossível parar o tempo
É impossível segurá-lo nas mãos, aprisioná-lo ou mantê-lo em cativeiro.
Ouça que o seu tempo tem a dizer,
Ele dirá para que você siga o seu curso,
Ele dirá para que você o siga,
Ele dirá para que não tenha medo do que vier descobrir.
Ele dirá que você suportará o que encontrar pela frente.
Ele mesmo nos prepara se o assumirmos como nosso tempo.
Ás vezes sou dominada pelo meu tempo e não o domino, isso é mau!
O tempo só pode ser meu aliado, se tomo posse dele e o uso a meu favor.
Isto é, se me posiciono corretamente diante dele e se ouço o que ele tem a dizer.
Tomar posse do tempo nada tem a ver com aprisioná-lo ou retê-lo, mas vivê-lo...
Tomar posse do tempo é sorver cada minuto do que quer que seja que a vida colocou diante de nós.
Tomar posse do tempo não é fugir dele, ludibriá-lo, mas abraçá-lo.
Não sei tomar posse do meu tempo
Não sei ouvi-lo, estou sempre com a cabeça em outro lugar,
Quem sabe, em outro tempo que não é o meu...
Meu tempo se chama presente, este é o único tempo que possuo de fato.
E tudo o que não é presente, não me pertence, nem está sob o meu domínio.
Tudo o que não é presente, mas que quero reter, é o que perdi, é o que já não tenho mais.
Há uma perda no meu presente.
Tenho investido minhas energias em chorar e tentar recuperar o que perdi
Ou Talvez eu esteja me ocupando com coisas que jamais terei
Há uma perda em meu passado.
O presente diz que eu as perdi, mas eu não acho justo e de alguma maneira eu continuo reivindicando-as, sinto que em busca da justiça também tenho me tornado injusta como a vida.
Posso viver apesar das injustiças causadas pela vida?
Não há quem possa impedir as feridas, mas há como olhar com ternura para as minhas cicatrizes.
E para isso posso usar o tempo como meu aliado.
O tempo se torna meu inimigo quando vivo o presente com o coração retido no passado, no afã de evitar as feridas, a dor, a decepção, a frustração...
Tudo isso é inútil, não posso parar o tempo para tentar recuperar o que se perdeu.
Existem coisas que jamais são recuperadas, por mais que queiramos ou lutemos.
Não há como voltar no tempo.
Paula
06/02/2008
Resposta do Ricardo a Sobre Seres Humanos e Máquinas
Necessidade de qualquer coisa
À Paula, grande amiga
Mergulhei algumas vezes nos silêncios do meu interior
Para que tudo aquilo
Que eu percebia – enquanto silêncio e calmaria
Se transformasse
E metáforas baldias nasceram...
Criações que não pude incorporar ao meu corrido dia-a-dia
Velozes transformações
Que sacudiram minhas lembranças
Imagens árcades e românticas
De momentos tais que não me pertencem mais ficaram lá atrás
Pois
Na vastidão destes atuais enredos não me sinto como antes
Antes
A vida parecia simples e bucólica – sem precedentes
E não havia nenhuma necessidade
De ser mais que qualquer coisa
Agora
Mergulho no delírio insensato de me “coisificar”
Numa máquina de transformações inoperantes
... como se a vida pudesse ser industrializada.
Mergulhei no vastíssimo campo dos meus silêncios interiores
E percebi a grande necessidade de
Olhar novamente o horizonte com
Humanidade
Rigope, 28/10/2008.
À Paula, grande amiga
Mergulhei algumas vezes nos silêncios do meu interior
Para que tudo aquilo
Que eu percebia – enquanto silêncio e calmaria
Se transformasse
E metáforas baldias nasceram...
Criações que não pude incorporar ao meu corrido dia-a-dia
Velozes transformações
Que sacudiram minhas lembranças
Imagens árcades e românticas
De momentos tais que não me pertencem mais ficaram lá atrás
Pois
Na vastidão destes atuais enredos não me sinto como antes
Antes
A vida parecia simples e bucólica – sem precedentes
E não havia nenhuma necessidade
De ser mais que qualquer coisa
Agora
Mergulho no delírio insensato de me “coisificar”
Numa máquina de transformações inoperantes
... como se a vida pudesse ser industrializada.
Mergulhei no vastíssimo campo dos meus silêncios interiores
E percebi a grande necessidade de
Olhar novamente o horizonte com
Humanidade
Rigope, 28/10/2008.
Sobre seres humanos e máquinas
Rio, 26.10.2008
I
Quero poder mergulhar no silêncio...
Preciso mergulhar no silêncio de minh’alma e me encontrar...
Mergulhar no silêncio de minh’alma e descansar.
Depois de ser sacudida durante horas e dias por ritmos frenéticos e músicas nervosas, preciso do silêncio para me reconfigurar, para recarregar as baterias e me lembrar de que não sou uma máquina.
Seres humanos não são máquinas, mas a cada dia que passa, estamos mais desumanizados, isto é, mecanizados.
Seres humanos não são coisas que se usam e depois são descartadas porque se tornam inúteis, mas estamos cada vez mais banais, alienados de nossa própria essência.
A espécie humana está se degenerando, se auto-destruindo quando realiza incursões em que pensa atingir apenas o outro, e é ilusão pensar que isso não me inclui.
Escrever, pensar, sentir, emocionar-se, contemplar, dialogar (e não monologar) são armas para vencer tal degeneração, de resistir ser submerso pelo caos em que o ser o humano está.
Por isso, mergulho no silêncio de minha alma e descanso...
Antigamente eram chamados de heróis aqueles que realizavam atos foram do comum, tarefas extraordinárias ou feitos sobrenaturais.
Neste tempo, os heróis são aqueles que não se esqueceram de quem são: apenas seres humanos.
II
Desde crianças nos ensinam que devemos ser conformados, submissos, subservientes...
Não devemos perguntar, questionar, duvidar...
Desde pequenos nos ensinam que não devemos ser curiosos, humanos, apenas peças cumprindo sua função dentro de uma grande fábrica chamada sociedade.
Espera-se que as peças nunca tenham defeito e algumas atendem a essa expectativa. Existem as peças que logo começam a ranger, mas é só por um oleozinho e elas voltam ao “normal”.
E existem peças que já foram feitas para dar defeito, isso mesmo, foram feitas para dar defeito, pois não existe manutenção sem peças defeituosas. As peças defeituosas também têm sua função, elas explicam porque a fábrica não é um paraíso e a produção não é cem por cento. São os bodes expiatórios do sistema fabril
Existem peças que nunca se encaixam em lugar nenhum...
Pobres peças, inventadas, nomeadas, escolhidas, classificadas, para justificar o mau andamento da fábrica.
Desde pequenos aprendemos que cada peça tem seu lugar determinado, e que ao mesmo tempo ela pode ser o que quiser, idéia esta que é uma falácia, pois se cada peça pode ser o que ela quiser, como cada uma tem seu lugar determinado?
Aprendemos também que peças importantes e de valor são as que não rangem, nem dão defeito e se encaixam perfeitamente em seu lugar... Como ser uma peça de valor quando se é acondicionado em ambientes inadequados, de forma inadequada, de modo que a vida útil desta peça estará comprometida por conta da sua má conservação e inevitavelmente ela rangerá e dará defeito a curto ou médio prazo?
São peças que são classificadas como inúteis, mas são as que mais dão lucro para a fábrica.
Desde pequenos aprendemos que nada pode ameaçar o funcionamento desta máquina, desta grande fábrica chamada sociedade.
Por isso, não podemos perguntar, questionar, ser livres para expressar o que sinceramente pensamos. Estas pequenas atitudes já seriam suficientes para abalar esta grande estrutura.
Tenho consciência do quão poderosas são as influências sociais, mas luto para não ser uma peça descrita, classificada, nomeada pelo sistema para executar determinada função.
Existem outras possibilidades, eu sei que há, neste momento elas são mais produto da fé, ideais ou um sonho utópico, mas há poder para criar outros caminhos, uma outra identidade. A educação só cumpre sua missão quando é instrumento para revelar o que realmente somos e nos libertar para viver o que existe de melhor, nossa tão pretensa humanidade...
I
Quero poder mergulhar no silêncio...
Preciso mergulhar no silêncio de minh’alma e me encontrar...
Mergulhar no silêncio de minh’alma e descansar.
Depois de ser sacudida durante horas e dias por ritmos frenéticos e músicas nervosas, preciso do silêncio para me reconfigurar, para recarregar as baterias e me lembrar de que não sou uma máquina.
Seres humanos não são máquinas, mas a cada dia que passa, estamos mais desumanizados, isto é, mecanizados.
Seres humanos não são coisas que se usam e depois são descartadas porque se tornam inúteis, mas estamos cada vez mais banais, alienados de nossa própria essência.
A espécie humana está se degenerando, se auto-destruindo quando realiza incursões em que pensa atingir apenas o outro, e é ilusão pensar que isso não me inclui.
Escrever, pensar, sentir, emocionar-se, contemplar, dialogar (e não monologar) são armas para vencer tal degeneração, de resistir ser submerso pelo caos em que o ser o humano está.
Por isso, mergulho no silêncio de minha alma e descanso...
Antigamente eram chamados de heróis aqueles que realizavam atos foram do comum, tarefas extraordinárias ou feitos sobrenaturais.
Neste tempo, os heróis são aqueles que não se esqueceram de quem são: apenas seres humanos.
II
Desde crianças nos ensinam que devemos ser conformados, submissos, subservientes...
Não devemos perguntar, questionar, duvidar...
Desde pequenos nos ensinam que não devemos ser curiosos, humanos, apenas peças cumprindo sua função dentro de uma grande fábrica chamada sociedade.
Espera-se que as peças nunca tenham defeito e algumas atendem a essa expectativa. Existem as peças que logo começam a ranger, mas é só por um oleozinho e elas voltam ao “normal”.
E existem peças que já foram feitas para dar defeito, isso mesmo, foram feitas para dar defeito, pois não existe manutenção sem peças defeituosas. As peças defeituosas também têm sua função, elas explicam porque a fábrica não é um paraíso e a produção não é cem por cento. São os bodes expiatórios do sistema fabril
Existem peças que nunca se encaixam em lugar nenhum...
Pobres peças, inventadas, nomeadas, escolhidas, classificadas, para justificar o mau andamento da fábrica.
Desde pequenos aprendemos que cada peça tem seu lugar determinado, e que ao mesmo tempo ela pode ser o que quiser, idéia esta que é uma falácia, pois se cada peça pode ser o que ela quiser, como cada uma tem seu lugar determinado?
Aprendemos também que peças importantes e de valor são as que não rangem, nem dão defeito e se encaixam perfeitamente em seu lugar... Como ser uma peça de valor quando se é acondicionado em ambientes inadequados, de forma inadequada, de modo que a vida útil desta peça estará comprometida por conta da sua má conservação e inevitavelmente ela rangerá e dará defeito a curto ou médio prazo?
São peças que são classificadas como inúteis, mas são as que mais dão lucro para a fábrica.
Desde pequenos aprendemos que nada pode ameaçar o funcionamento desta máquina, desta grande fábrica chamada sociedade.
Por isso, não podemos perguntar, questionar, ser livres para expressar o que sinceramente pensamos. Estas pequenas atitudes já seriam suficientes para abalar esta grande estrutura.
Tenho consciência do quão poderosas são as influências sociais, mas luto para não ser uma peça descrita, classificada, nomeada pelo sistema para executar determinada função.
Existem outras possibilidades, eu sei que há, neste momento elas são mais produto da fé, ideais ou um sonho utópico, mas há poder para criar outros caminhos, uma outra identidade. A educação só cumpre sua missão quando é instrumento para revelar o que realmente somos e nos libertar para viver o que existe de melhor, nossa tão pretensa humanidade...
Ser humano é ser paradoxal...
Rio, 10.05.2008.
“(...) Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos”. Lia Luft
Sou um ser cindido em duas partes.
Não diria que uma delas é boa e a outra é má.
Seria uma explicação muito simplista para algo que é por demais complexo.
Uma parte de mim quer olhar para dentro e outra para fora.
Uma parte de mim valoriza o que eu sou e a outra o que eu faço.
Uma parte de mim quer auscultar as batidas do meu coração e a outra se preocupa somente com minha aparência diante dos outros.
Parece que na maior parte do tempo olho para fora e com os dedos em riste para me defender melhor.
É difícil olhar para dentro e me desfazer das fantasias que criei para me defender das minhas verdades.
Na verdade, é isto que tem doído mais do que qualquer outra coisa.
Tenho que arrancar partes de mim mesma que não me servem mais, mas que me são muito caras.
Minhas verdades são difíceis, são muito difíceis, duras, penosas.
Tenho muitos desejos bons, mas coloco muito pouco deles em prática.
É, eu sou assim!
Muitas vezes tenho a impressão de que seria mais fácil ser uma alienígena, uma pessoa muito diferente, especial, que não pertencesse a este mundo, mas pra dizer a verdade, eu sou muito comum, muito igual a todo mundo: preguiçosa, mentirosa, egoísta, interesseira e com uma carga muito potente de auto-destruição, além da paranóia que eu tenho de perder o controle e viver num estado caótico.
Quem é que disse que perder o controle é caótico?!
O caos muitas vezes nos ajuda a reoganizar nossa casa.
Não estou dizendo estas coisas para me depreciar, apenas estou tentando ser um pouco mais verdadeira comigo mesma.
Quero muito ser feliz e a felicidade está muito perto de mim, mas sempre faço questão me afastar dela ou afastá-la de mim. Confundo felicidade com perfeição. Nada mais equivocado, pois felicidade nada tem a ver com perfeição, que tem a ver com paranóia! Confundo felicidade com algo que não existe.
Não entendo o que é ser feliz... Ser feliz na verdade é exigir pouco de si mesmo, o que é bem diferente de ser uma pessoa acomodada. Ser feliz não é transgredir seus próprios limites... Ser feliz é ter paz na consciência... Ser feliz é a consciência de que não somos poderosos, mas que fazemos o possível. E o problema está aí, porque simplesmente não aceito o que é possível, mas quero mais! De repente, não acredito que não pode ser tão simples assim...
A felicidade não é nada estática, mas dinâmica e muda de acordo com o contexto.
Ser feliz é perder, entregar, deixar, abrir mão, desistir, soltar...
A felicidade está ao meu ao alcance é uma possibilidade muito real, mas não me vejo investindo nela.
Falo da minha mãe, mas eu também gosto de me responsabilizar por coisas e por pessoas que não deveria, também gosto de carregar pesos, angústias que me afastam do que a vida tem de melhor.
Porque a felicidade me ameaça, porque a felicidade é o desconhecido.
A Felicidade não é familiar.
É mais fácil lidar só com o meu desejo de ser feliz do que ser feliz de fato, porque ser feliz transcende os meus desejos, ser feliz de fato é maior do que minha obsessão pelo controle.
Para ser feliz preciso me responsabilizar pela minha tristeza, minha solidão e pela minha angústia e não mantê-las em cativeiro para usá-las como trunfo em qualquer jogo desta vida.
“(...) Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos”. Lia Luft
Sou um ser cindido em duas partes.
Não diria que uma delas é boa e a outra é má.
Seria uma explicação muito simplista para algo que é por demais complexo.
Uma parte de mim quer olhar para dentro e outra para fora.
Uma parte de mim valoriza o que eu sou e a outra o que eu faço.
Uma parte de mim quer auscultar as batidas do meu coração e a outra se preocupa somente com minha aparência diante dos outros.
Parece que na maior parte do tempo olho para fora e com os dedos em riste para me defender melhor.
É difícil olhar para dentro e me desfazer das fantasias que criei para me defender das minhas verdades.
Na verdade, é isto que tem doído mais do que qualquer outra coisa.
Tenho que arrancar partes de mim mesma que não me servem mais, mas que me são muito caras.
Minhas verdades são difíceis, são muito difíceis, duras, penosas.
Tenho muitos desejos bons, mas coloco muito pouco deles em prática.
É, eu sou assim!
Muitas vezes tenho a impressão de que seria mais fácil ser uma alienígena, uma pessoa muito diferente, especial, que não pertencesse a este mundo, mas pra dizer a verdade, eu sou muito comum, muito igual a todo mundo: preguiçosa, mentirosa, egoísta, interesseira e com uma carga muito potente de auto-destruição, além da paranóia que eu tenho de perder o controle e viver num estado caótico.
Quem é que disse que perder o controle é caótico?!
O caos muitas vezes nos ajuda a reoganizar nossa casa.
Não estou dizendo estas coisas para me depreciar, apenas estou tentando ser um pouco mais verdadeira comigo mesma.
Quero muito ser feliz e a felicidade está muito perto de mim, mas sempre faço questão me afastar dela ou afastá-la de mim. Confundo felicidade com perfeição. Nada mais equivocado, pois felicidade nada tem a ver com perfeição, que tem a ver com paranóia! Confundo felicidade com algo que não existe.
Não entendo o que é ser feliz... Ser feliz na verdade é exigir pouco de si mesmo, o que é bem diferente de ser uma pessoa acomodada. Ser feliz não é transgredir seus próprios limites... Ser feliz é ter paz na consciência... Ser feliz é a consciência de que não somos poderosos, mas que fazemos o possível. E o problema está aí, porque simplesmente não aceito o que é possível, mas quero mais! De repente, não acredito que não pode ser tão simples assim...
A felicidade não é nada estática, mas dinâmica e muda de acordo com o contexto.
Ser feliz é perder, entregar, deixar, abrir mão, desistir, soltar...
A felicidade está ao meu ao alcance é uma possibilidade muito real, mas não me vejo investindo nela.
Falo da minha mãe, mas eu também gosto de me responsabilizar por coisas e por pessoas que não deveria, também gosto de carregar pesos, angústias que me afastam do que a vida tem de melhor.
Porque a felicidade me ameaça, porque a felicidade é o desconhecido.
A Felicidade não é familiar.
É mais fácil lidar só com o meu desejo de ser feliz do que ser feliz de fato, porque ser feliz transcende os meus desejos, ser feliz de fato é maior do que minha obsessão pelo controle.
Para ser feliz preciso me responsabilizar pela minha tristeza, minha solidão e pela minha angústia e não mantê-las em cativeiro para usá-las como trunfo em qualquer jogo desta vida.
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