quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SENHOR, PRECISO DESESPERADAMENTE MUDAR DE VIDA

“Quem faz anos de terapia às vezes se desespera porque já entendeu as razões que a levam a um tipo de comportamento destrutivo. Mas entender não é o suficiente. Mudar é o processo mais difícil na vida, especialmente mudar o funcionamento da mente desde que nascemos...”
Eliane Brum

Eu vou um pouco mais além, pois acredito que nossa mente é condicionada, formada, alimentada, antes mesmo de nos tornarmos zigotos, embriões, por isso, meu grito desesperado:
Senhor, preciso desesperadamente mudar de vida!
Não uma mudança repentina, radical, mas uma mudança que combine com meu ritmo, que não me violente, isto é, que a mudança seja lenta e gradual!

Esse clamor acima não é de uma pessoa que luta contra vícios como drogas, alcoolismo, tabagismo, compulsão sexual, jogatina entre outros. Mesmo sem viver estas crises especificamente, meu clamor é tão sofrido quanto, pois preciso desesperadamente aprender a viver.
Para mim a existência e a presença de Deus se tornam evidentes quando uma pessoa é capaz de mudar não apenas o seu comportamento, mas sua forma de pensar e de ver a vida.
Preciso mudar e isso não é fácil, e mais difícil ainda é que não vou mudar para ninguém apenas para mim mesma, já chegou a hora de crescer e deixar definitivamente muita coisa, muitos pesos, muitos fantasmas que ainda me acompanham pra trás.
Realmente eu entendo racionalmente muitos processos por quais eu vivo, mas chegou a hora de ir além disso.
Se Deus me visitasse e me perguntasse o que eu gostaria de mudar, eu lhe diria em primeiro lugar que gostaria de mudar meus olhos, meu olhar... Não vejo o suficiente, tenho uma espécie de cegueira, meu olhar é embaçado, limitado, curto e eu gostaria muito que isso mudasse. Eu acho que só a mudança da visão por si só já causaria uma revolução em minha vida, eu até me olharia de outra maneira, veria uma mulher em vez de uma menina, uma mulher rica em vez de uma mulher pobre e quando falo em mulher rica não falo apenas em termos financeiros, mas de alguém que tem muito pra dar em todos os sentidos e que não precisa ficar se economizando. Eu veria como a felicidade sempre esteve ao meu lado, e veria profundamente como sou bonita e especial. Eu veria que não há tempo a perder porque a vida é curta e não sabemos o que pode nos suceder no dia de amanhã, ao mesmo tempo em que veria que há coisas que podem esperar sim e ainda outras que precisamos aceitar porque não vão mudar nunca.
Eu veria muitas coisas ruins, desagradáveis, veria com profundidade o coração humano, o sofrimento alheio e também veria com profundidade o meu coração o que naturalmente me faria sofrer, mas creio que já amadureci a ponto de não ser consumida nem pela minha dor, nem pela dor de ninguém. É preciso ver tristeza, pobreza, dor, desordem, confusão, solidão, loucura, escuridão, pavor, com muita clareza a fim de se tomar uma atitude inovadora frente a tudo isso. Neste momento eu me lembro de pessoas que vivem à margem da sociedade envoltas no manto da pobreza, da impossibilidade, que não tem sequer a oportunidade de se descobrirem humanas porque seus instintos mais primitivos as dominam, fico pensando em como seria se elas pudessem ser transformadas em pessoas de verdade. Elas não são transformadas porque lhes é vedado ver aquilo que verdadeiramente são. É interessante para aqueles que as dominam mantê-las como animais, mostrá-las como animais, fazer com que se sintam como animais porque enquanto pessoas, elas seriam livres e transformariam suas próprias vidas, suas casas, seu o bairro, sua vila, sua cidade... Enfim, abalariam a hierarquia social. Quantas vezes não nos sentimos melhores que elas, mas o nosso drama é o mesmo drama. O manto da pobreza, da impossibilidade, da dor cobrem meus olhos de tal forma que não enxergo a vida como ela é, suas reais possibilidades, não me enxergo como sou, o que realmente posso vir a ser, não enxergo os outros como são e então concluo que a vida possui apenas uma perspectiva: sobrevida e cativeiro de ditames que sequer existem.
CHEGA!!! A pouca visão que tenho já foi suficiente para realizar tanta coisa, é isso mesmo! Apesar de ter uma visão turva, pequena, limitada consegui conquistar muita coisa, mas sinto que é preciso ir mais além... Sinto que preciso ir além de mim mesma, além dos meus limites (no bom sentido), mas ainda não enxergo muita coisa, por isso, gostaria de convidar o Todo Poderoso para uma conferência. Não, conferência não! Conferência é algo muito formal. Quero convidá-lo para um café e depois de fazer tanta cerimônia e Ele enfim ir direto ao assunto e me perguntar porque o chamei, lhe direi que por hoje tenho apenas um desejo: que Ele dilate, amplie, mude minha vida a partir do meu olhar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mudar de vida é tarefa para pessoas corajosas, repletas de talento e vontade de viver, portanto, amiga, eis nossas mudanças! Adorei o texto!

Ricardo - www.embuscadeumarealidade.blogspot.com