terça-feira, 22 de setembro de 2009

Coisas que estou pensando perto do meu aniversário

"...Viver é lutar diariamente com o medo. Talvez esse seja o sentido da lenda de São Jorge, lutando com o dragão. O dragão não morre nunca. E a batalha se repete, a cada dia (...) A pomba, que por medo do gavião, se recusasse a sair do ninho, já se teria perdido no próprio ato de fugir do gavião. Porque o medo lhe teria roubado aquilo que de mais precioso existe num pássaro: o vôo. Quem, por medo do terrível, prefere o caminho prudente de fugir do risco, já nesse ato estará morto. Porque o medo lhe terá roubado aquilo que de mais precioso existe na vida humana: a capacidade de se arriscar para viver o que se ama.
O medo não é uma perturbação psicológica. Ela é parte de nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar.Quem por causa do medo se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá, apenas quando a morte vier. Mas só quando ela vier. Esse é o sentido das palavras de Jesus: "Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á. Mas quem perder a sua vida, a encontrará." Viver a vida aceitando o risco da morte: isso tem o nome de coragem. Coragem não é a ausência do medo. É viver, a despeito do medo." Rubem Alves

Faltam poucos dias para o meu aniversário e é nesta época é comum eu parar para pensar. Pensar às vezes não é muito agradável, mas necessário...
Parar para pensar nem sempre é um gesto espontâneo, mas é urgente, é uma demanda que precisa ser atendida.
Como já disse uma grande pensadora: "pensar é transgredir", logo, para dar sentido a nossa existência, em muitas ocasiões precisamos transgredir e subverter aquilo que vem com força de determinação, nos obrigando a escolher caminhos que não são os nossos, a nos conformar com movimentos que nos machucam, que nos apequenam diante das diversas possibilidades que temos pra viver o que somos.
Pensar, apesar de ser difícil e muitas vezes anti-natural é próprio do humano, percebo que o movimento da contemporaneidade tem nos levado a cada dia, cada ano, a cada vez mais nos desumanizar, a arrancar de nós o que temos de mais precioso e nos tornar máquinas: máquinas de trabalhar, máquinas de parir, máquinas de fazer sexo, máquinas consumidoras, máquinas comercializáveis...
Fico transtornada ao perceber que o ser humano anda casa vez mais alienado de si mesmo, alienado na natureza, alienado de seu próprio vazio existencial que o leva a criar, a produzir arte, a pensar, a sentir, a buscar o seu Criador.
Para lidar com sua alienação, o humano tem silenciado suas emoções através de medicamentos, drogas legais e ilegais, através do abuso de alimentos, do consumismo desenfreado, todas estas estratégias infelizes que aceleram sua degradação e aprofundam a alienação.
É neste mundo que eu vivo, a princípio não escolhi viver nele pois ningúem pede para nascer, mas estou escolhendo como viver nele.
Eu mesmo lido com o desafio da não-alienação todos os dias, parece algo óbvio, mas não é tão simples olhar-me no espelho e enxergar o ser humano que sou... Somos tantas coisas que deixamos de ser humanos, deixamos de ser complexos, criativos, autonomos, deixamos de ser nós mesmos e tudo isso por quê? Para quê? Para quem? Longe de fazer apologia ao egoísmo, penso que não podemos viver em função de outros, nem de pai, mãe, filhos, maridos, esposas, irmãos, organizações, empregos, isso não leva ninguém a lugar nenhum... Só pode doar-se para outros aquele que já se possui.
Digo isso porque confundimos altruísmo com simbiose, existem muitas pessoas que mesmo com 20, 30, 40, 50, 60, 70 anos procuram sentido para sua existência em alo exterior a elas, como se quisessem manter com pessoas e Instituições o mesmo vínculo simbiótico, o mesmo cordão que existia entre elas e suas mães no período da gestação. Os anos passam e elas não sabem se comportar de outra maneira, o que é muito triste, pois estas pessoas tem sua existência atrofiada pelo medo de abandonar seus ninhos quentes e confortáveis.
Não posso dizer que não sou desse jeito, não posso dizer que não fui assim, a cada dia tenho descoberto que não sou melhor do que ninguém, sou apenas humana e como humana também me apresentou com inúmeros dilemas existenciais, dilemas estes que procuro tratar através de penosas reflexões (rsrsrsrs), e foi através da reflexão que descobri que preciso mudar minha forma de pensar, descobri que quero me possuir para me doar ao mundo de forma impactante e significativa.
Sinto que é exatamente este o meu desafio para o próximo ano, é este desejo que me move atualmente.
Eu já deveria ter aprendido a lição de que o que procuro intensamente longe de mim na verdade está mais perto do que eu ousaria imaginar... Aquilo que procurei fora de mim, na verdade estava bem perto, estava dentro de mim mesma o tempo todo. Meu desafio é tomar posse de mim mesma, para enfim doar-me, consolidando assim meu projeto existencial...
Bom, eu acho que é isso...
Julho 2009

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigaaaaaaaaaaaaaa!
Como sempre trangressora a favor de uma ordem que não cala: Ser humana e feliz!
Amo seus escritos...sou supeita você sabe!!!
Bjs
Ilzani

Jussara Barbosa disse...

Minha amiga!
Hoje tive a sensação de que passamos a infância juntas! Como é bom viver...como é bom tê-la como amiga!
O espaço tá lindo e gostoso!
Bj